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A Nobel da Paz que incomoda os 'ayatollahs'

A Nobel da Paz que incomoda os 'ayatollahs'

"O Irão respeita a mulher. Mas isso não significa que se deixe que ocupem posições sociais importantes." É recente esta afirmação do ayatollah Ahmad Khatami , um religioso conservador, mas poderia ter sido feita há 30 anos. Que o diga Shirin Ebadi.

A Prémio Nobel da Paz 2003, que no próximo dia 11 estará em Lisboa para promover o seu livro A Gaiola de Ouro, sentiu na pele o que é ser mulher activa e pensante no país dos ayatollahs. Como muitas outras, que até aplaudiram a queda do xá e a vitória de Khomeini, experimentou a despromoção e o ostracismo profissional e a dureza da solitária das prisões iranianas. Oriunda de Hamedan, onde nasceu em 1947, Ebadi licenciou-se em direito e foi juiza do tribunal de Teerão; aliás, é a primeira mulher na história do seu país a presidir a um tribunal.

Mas, como ela própria conta nos seus livros, com o avanço da Revolução Islâmica, a mulher é forçada a ocupar um segundo lugar na sociedade iraniana onde, agora, o homem tem poder absoluto. E Ebadi não escapa a essa "purga" profissional. E veio também o uso obrigatório do "véu islâmico"; adereço que, por falta de hábito, Ebadi esquece com frequência, com o risco da própria vida.

Mas Shirin Ebadi não desiste: utiliza o seu diploma de direito para defender as vítimas do regime e cria ainda o Centro de Defesa dos Direitos Humanos. São apostas que a tornam conhecida no seu país, onde a sua voz incomoda os ayatollahs, e no exterior, o que lhe vale o Nobel da Paz. A única mulher do Irão a recebê-lo.

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