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Campanha

"Fim à mutilação genital feminina"

por CÉU NEVES

Organizações não governamentais portuguesas lançam folheto de sensibilização contra a mutilação genital. Esta prática tem sido detectada em imigrantes da Guiné, mas também há casos de Moçambique e de Angola.

A Associação para o Planeamento da Família (APF) e a Amnistia Internacional Portugal (AI) vão lançar uma campanha de sensibilização contra a mutilação genital feminina (MGF). As mulheres imigrantes, sobretudo as oriundas da Guiné, são as principais vítimas desta prática.

A iniciativa portuguesa insere--se na campanha europeia para pôr "fim à mutilação genital feminina" e que irá decorrer até Dezembro de 2011. O grupo de trabalho reuniu-se em Portugal na última semana para definir estratégias de actuação, onde foi apresentado o folheto que vai começar a ser distribuído em estabelecimentos de saúde, escolas e outros organismos públicos. Isto, porque embora não esteja confirmado que a MGF é praticada no País, há imigrantes sujeitas a esta prática, sublinha Alice Frade, membro da APF e do grupo europeu.

"O que sabemos é que essas mulheres foram sujeitas a mutilações genitais, a maioria quando eram bebés ou adolescentes, antes de terem emigrado. Sabemos também que há muitos imigrantes que se deslocam aos países de origem durante as férias e é sobre esta realidade que temos de incidir", explica Alice Frade.

É na comunidade guineense, muçulmana, que existem mais casos de MGF, mas há relatos de que tal prática ocorre, também, em Moçambique e no Norte de Angola.

Alice Frade defende que a questão da MGF deve ser inserida nos programas de imigração e dos pedidos de asilo, bem como nos projectos de cooperação com os países africanos de língua portuguesa, exigindo medidas desses Estados contra tais práticas. "Esta questão, como a igualdade de género, não está contemplada nesses programas", justifica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, a UNICEF e a UNFPA, a MGF foi registada em 28 países africanos, além de nações da Ásia e do Médio Oriente.

Estima-se que cerca de três milhões de mulheres e crianças correm o risco de mutilação todos os anos.

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