Hospital português fez o primeiro transplante de coração artificial a um bebé de três meses

O Hospital de Santa Marta, em Lisboa, implantou, esta terça-feira, um coração artificial a um bebé de três meses e meio. Foi o primeiro implante que se realizou, em Portugal, a uma criança tão pequena.
A intervenção cirúrgica durou quase cinco horas e foi realizada, pela primeira vez, em Portugal. Mesmo a nível internacional, não é uma operação comum.
O médico responsável pela cirurgia cardiotorácica do Centro Hospitalar de Lisboa Central, José Fragata, disse à agência Lusa que o tamanho do bebé impôs "uma dificuldade técnica muito própria", algo que fez desta intervenção "um marco muito importante" para a medicina em Portugal.
O bebé, uma menina de três meses e meio e com quatro quilos de peso, sofria de uma miocardite e precisou de fazer um transplante para sobreviver, uma vez que o seu coração não demonstrava sinais de recuperação. O coração artificial implantado tem dois ventrículos e vai permitir que o bebé aguarde até que seja encontrado um coração compatível para transplante, mantendo uma melhor qualidade de vida.
"O bebé vai ter que se manter com este coração artificial até encontrar um coração imunologicamente e de tamanho que seja compatível com ele. Não é muito fácil arranjar dadores em criança, as crianças morrem pouco. O tamanho aqui é um fator limitante grande. A última criança que tivemos aqui nestas condições, e era uma criança mais velha, esteve aqui quatro meses e meio. Vai permanecer em cuidados intensivos até quando o destino o quiser", afirmou José Fragata.
O cirurgião referiu que este tipo de intervenção tem "riscos" bastante elevados, uma vez que os bebés, nestas idades, têm corações que são superiores ao tamanho da caixa torácica.
Porém, afirmou que a taxa de sucesso em crianças está entre os 50 a 60 por cento e que a esperança de vida é "boa" e maior que a dos adultos, uma vez que "há uma certa janela imunológica".
De momento, o bebé "está bem", tal como assegurou o José Fragata e encontra-se na unidade de cuidados intensivos. Esta quarta-feira de manhã já acordou, apesar de ainda permanecer ligado a um ventilador com os seus "dois coraçõezinhos cá fora e vê-se o sangue passar".
José Fragata disse ainda que "as autoridades de saúde deviam estar muito satisfeitas", uma vez que "no ambiente de enormes dificuldades por que está a passar o serviço nacional de saúde, ainda é possível ocorrer, de uma forma muito diferenciada, a casos isolados".
Em Portugal, apesar de realizadas cirurgias semelhantes a crianças, nunca tinha sido registado um caso a um bebé com apenas três meses e meio de idade.

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