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Segunda-feira, 30 de Setembro de 2013
"Cura clínica" do cancro da pele perto da realidade
Uma nova geração de fármacos destinada a estimular a luta do sistema
imunitário contra o cancro tem potencial para oferecer uma "cura
clínica" aos pacientes com cancro da pele, uma espécie de milagre médico
para os cientistas e para os doentes que, até há poucos anos, tinham
muito escassas hipóteses de sobrevivência.
A novidade foi apresentada este fim-de-semana durante a Conferência
Europeia do Cancro (ECC), em Amesterdão, onde os investigadores
explicaram que estes medicamentos imunoterapêuticos (em especial o
Yervoy, produzido pela farmacêutica o Bristol-Myers Squibb's e também
conhecido por ipilimumab) têm transformado e poderão continuar a
transformar esta área da oncologia.
Stephen Hodi, professor assistente de medicina no Dana-Farber Cancer
Institute, nos EUA, disse, na Holanda, ter algumas reservas em usar o
termo "cura", mas descreveu os mais recentes progressos como uma
"mudança de paradigma".
Segundo o especialista, citado pela Reuters, o sucesso da nova geração
de fármacos significa, pelo menos, que os pacientes com melanoma poderão
passar a viver com uma doença crónica em vez de enfrentarem uma morte
iminente.
"Estamos a viver tempos incríveis. Há alguns anos nunca poderíamos
imaginar usar sequer a 'palavra C', cura, para o melanoma. Mas estamos a
caminhar nesse sentido", congratulou-se Hodi, garantindo que o
"ipilimumab abriu ua porta" e os progressos estão a ser feitos "muito
rapidamente".
Aprovado em 2011, o fármaco Yeroy foi, à data, visto como um enorme
avanço nas terapias contra o melanoma, por ter sido o primeiro de sempre
a aumentar o tempo de vida de pacientes com formas avançadas deste que é
o tipo mais mortífero de cancro da pele.
Em média, de acordo com os ensaios clínicos iniciais, o medicamento
acrescentou apenas quatro meses à vida dos doentes, mas cerca de 20% dos
pacientes tiveram uma reação "impressionante" e "duradoura" em
consequência do tratamento.
Mais de 10 anos de vida após o diagnóstico
Mais de 10 anos de vida após o diagnóstico
Hodi apresentou, durante a ECC, novas conclusões obtidas durante o
maior e mais longo estudo acerca da sobrevivência dos pacientes com
cancro da pele tratados com Yervoy, que mostraram que alguns destes
conseguiram viver mais de 10 anos após o diagnóstico.
Para Alexander Eggermont, do Comprehensive Cancer Center do Instituto
Gustave Roussy, em França, especialista no tratamento do melanoma, os
resultados do investigador norte-americano sugerem que certos pacientes
podem, efetivamente, ficar "curados" à luz do conceito de "cura
clínica", já que o medicamento ajuda o sistema imunitário a controlar a
doença.
"Aparentemente, é possível que os pacientes mantenham tumores residuais
sob controlo durante muito tempo quando o sistema imunitário é
'reiniciado' de forma apropriada e, assim, o conceito de 'cura clínica'
torna-se realidade", realçou Eggermont na mesma conferência.
Além disso, um grupo de novos fármacos atualmente a ser testado e desenhado para desativar as proteínas PD1 e PDL1, que impedem o sistema imunitário de detetar e atacar as células cancerígenas, constitui uma "fantástica esperança" no que respeita ao tratamento do melanoma se combinado com o Yervoy, antecipou Stephen Hodi.
Além disso, um grupo de novos fármacos atualmente a ser testado e desenhado para desativar as proteínas PD1 e PDL1, que impedem o sistema imunitário de detetar e atacar as células cancerígenas, constitui uma "fantástica esperança" no que respeita ao tratamento do melanoma se combinado com o Yervoy, antecipou Stephen Hodi.
"Os bons resultados [obtidos com o Yervoy] podem vir a duplicar-se ou a
triplicar-se com o uso de anticorpos monoclonais anti-PD1 e anti-PDL1
e, se assim for, o melanoma com metástases pode tornar-se uma doença
tratável para, possivelmente, mais de 50% dos pacientes nos próximos 5 a
10 anos", concordou Eggermont.
Neste momento, a Bristol-Myers Squibb, responsável pelo medicamento,
está a conduzir ensaios clínicos sobre um dos seus fármacos de nova
geração, o nivolumab, em melanomas em estado avançado. Nos EUA, a
concorrente Merck encontra-se a desenvolver um outro medicamento, o
lambrolizumab, que, nos primeiros ensaios, ajudou a encolheu em 38% os
tumores em pacientes com melanoma avançado.
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