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Vem aí a vacina do cancro da mama?

Nova fórmula preventiva já está a ser testada em mulheres norte-americanas

Vem aí a vacina do cancro da mama?

Já existiram várias em investigação mas os resultados das experiências laboratoriais nunca se revelaram convincentes.
A mais recente vacina, desenvolvida por cientistas americanos, já a ser testada em mulheres, reacende a esperança na prevenção da doença, que regista 4.500 novos casos por ano.
Os últimos dois meses de 2013 foram decisivos.
Assim que a Cleveland Clinic Innovations anunciou que pretendia apresentar a vacina preventiva do cancro da mama (desenvolvida nos seus laboratórios em 2010) à Food and Drugs Administration (FDA ), para dar início aos primeiros testes clínicos em mulheres, através da Shield Biotech, uma empresa criada para esse efeito, a esperança de milhares de pessoas pelo mundo inteiro voltou a acender-se.
Ter-se-à, finalmente, encontrado a fórmula eficaz para combater uma das patologias mais temidas pelas mulheres? «Para já, ainda estão a começar os primeiros ensaios clínicos em humanos, a fase 1», diz cautelosa a médica oncologista Ana Castro, do Hospital Beatriz Ângelo, de Loures, que explica que «a primeira etapa desta fase é feita em mulheres com cancro da mama triplo negativo para prevenir a recidiva e a segunda etapa em mulheres saudáveis voluntárias».
O objetivo deste primeiro estágio é avaliar essencialmente a segurança e a tolerância ao medicamento. Desenvolvida por uma equipa de cientistas da Clinica Cleveland, chefiada pelo imunologista Vicent Tuohy, a vacina em causa mostrou ser segura e cem por cento eficaz na prevenção do cancro da mama em ratos, uma vez que reduziu o crescimento de tumores já formados e o crescimento do cancro triplo negativo.
Aliás, o «alvo da vacina é precisamente uma proteína expressa por este tipo de tumor da mama, o mais agressivo de todos», explica Ana Castro. Se a vacina funcionar com os humanos da mesma forma que funcionou com os ratos em laboratório, médicos e cientistas concordam que estaremos perante um «enorme avanço científico». Mas, mesmo que assim seja, ainda vão passar muitos anos até a vacina ser lançada no mercado, como o próprio responsável pela investigação, Vicent Tuohy, admitiu, ao jornal Nature Medicine.
«Se resultar numa primeira fase, a vacina poderá ter indicação para evitar recidivas. Não é um verdadeiro conceito de vacina por não ser administrada antes de existir doença, mas de imunoterapia, para prevenir recidivas ou metastização do tumor», explica a médica oncologista. Nos últimos anos, existiram várias vacinas do cancro da mama em investigação.
Mas tiveram pouco êxito. «Não passaram na fase 3, para validar a sua eficiência num maior número de doentes», observa Ana Castro, esclarecendo que a dificuldade de criar uma vacina preventiva do cancro da mama «fica a dever-se ao facto de não haver um só tipo de tumor e dos tumores terem mecanismos de resposta diferentes à terapêutica».

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