EXPRESSO
Identificado fármaco que previne doença incurável
Patrícia Maciel, coordenadora da investigação, em declarações ao
Expresso explica que "os resultados servem para comprovar que o 'alvo' a
que se dirige o fármaco é um bom alvo a atingir, mas é necessário
melhorar as 'armas' a utilizar, desenvolvendo compostos com a mesma ação
e com menos efeitos secundários".
"Felizmente, há já
algumas empresas farmacêuticas a trabalhar neste sentido e nós estamos a
trabalhar ativamente com uma delas para testar esses novos fármacos",
acrescenta.
A investigadora de 42 anos começou a estudar a doença
de Machado-Joseph há 20 anos. "Comecei a estudar a patologia antes de
ser identificado o gene causador, precisamente com o objetivo de o
identificar e daí avançar para compreender melhor a doença e
eventualmente conseguir tratá-la", conta.
O estudo, agora publicado na prestigiada revista
"Neurotherapeutics", foi desenvolvido com ratos de laboratório. "Os
ratinhos apresentam uma progressiva descoordenação motora, perda de
força e neurónios, bem como uma agregação da proteína ataxina-3 mutada
em várias regiões do cérebro", explica Patrícia Maciel.
Este modelo, que reproduz fielmente a doença, constitui uma importante ferramenta para testar novas estratégias terapêuticas.
Doença incurável e hereditária
A doença de Machado-Joseph é uma patologia
neurodegenerativa hereditária incurável causada por uma mutação no gene
ATXN3. Caracteriza-se sobretudo pela descoordenação dos movimentos
corporais.
Este desequilíbrio pode ter interferências na coordenação dos dedos,
mãos, braços e pernas, nos movimentos oculares e no mecanismo de
deglutição.