Diário Digital
Investigadora portuguesa ganha prémio da Federação Internacional da Diabetes
Joana Gaspar, investigadora de pós-doutoramento na Associação Protectora
dos Diabéticos de Portugal (APDP-ERC) e no Centro de Doenças Crónicas
(CEDOC) da Universidade NOVA de Lisboa, estuda mecanismos celulares e
moleculares da diabetes e acaba de ser galardoada com o prémio Europeu
da Federação Internacional de Diabetes (IDF) para jovens investigadores.
A APDP é a associação de doentes diabéticos mais antiga do mundo e o CEDOC é o mais recente instituto de investigação com sede em Lisboa no campus de Santana.
O prémio foi entregue nas cerimónias do Dia Mundial da Diabetes, que
decorreu esta quarta-feira no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
A atribuição do prémio reconheceu «a excelência da investigação
científica na área da Biologia celular e molecular aplicada à Diabetes,
especificamente no estudo de novos mecanismos de regulação da glicose
pós-prandial (após uma refeição) e sensibilidade à insulina».
Joana Gaspar integra projectos de medicina translacional, que
envolvem a colaboração entre o CEDOC e a APDP, explicando que «o nosso
principal objectivo é descobrir novos factores fisiológicos que aumentem
a sensibilidade à insulina, de modo a prevenir e superar a resistência
inicial à insulina que está associada ao desenvolvimento da diabetes
tipo 2».
A equipa de investigação de que faz parte Joana Gaspar está focada a
estudar os sinais induzidos pela alimentação que aumentam a
sensibilidade à insulina como resposta à ingestão de determinados
nutrientes. O fígado é um dos órgãos chave que integra estes sinais
alimentares, permitindo uma melhor sensibilidade à insulina por parte de
outros órgãos, como é o caso do músculo esqueléticos, coração e rins.
Estudos recentes indicam que a insulina é captada e metabolizada pelo
fígado levando à produção de novas moléculas que aumentam a
sensibilidade à insulina, contribuindo para uma regulação mais eficaz
dos níveis de glicose após as refeições.
«Estamos a investigar os sinais alimentares em irmãos de pessoas com
diabetes tipo 2, uma vez que são um importante grupo de risco para
desenvolver a doença. Ao percebermos como é que estes sinais atuam
pode-se desenvolver novos tratamentos que irão ajudar a prevenir a
progressão da diabetes tipo 2», esclarece a investigadora.
Desde o início da sua carreira que Joana Gaspar se interessa por
compreender as complexidades da diabetes e suas complicações associadas.
«A diabetes é a doença crónica mais comum, afectando milhões de pessoas
em todo o mundo. Em Portugal, um em cada 10 adultos tem diabetes»,
refere a investigadora. Acrescenta ainda que «o que é muito alarmante é
que cerca de metade das pessoas com diabetes ainda não foi
diagnosticada. Apesar da intensa investigação para compreender esta
doença, ainda existe um longo caminho a percorrer no estudo da diabetes,
que continua uma doença sem cura. Assim a mais pequena descoberta
poderá ter um enorme impacto na vida destas pessoas, especialmente por
ser uma doença silenciosa, com inúmeros factores e que afecta todos os
órgãos».
«É uma honra para mim receber este prémio. Mais do que o
reconhecimento do meu trabalho, é o reconhecimento do empenho de todas
as pessoas que trabalham comigo e que tornam possível estas descobertas.
É isto que nos motiva a fazer mais para compreender a Diabetes,
melhorar a vida das pessoas que vivem nesta condição e, finalmente,
ajudar a encontrar a cura para esta doença», remata Joana Gaspar.
O prémio atribuído a Joana Gaspar durante as cerimónias no Parlamento
Europeu foi entregue por. João Nabais, presidente da IDF - Europa. A
investigadora recebeu um cheque de 10 mil euros, que será doado a uma
instituição à sua escolha.
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