Psicopedagoga conta como viveu um ano sem dinheiro – num livro que se troca

Lbc Fotografia, andrezuska.salgueirix / Facebook
Andresa Salgueiro viveu durante 1 ano, 11 dias, 11 horas e um minuto apenas com 1.111 euros
Andresa Salgueiro viveu durante 1 ano, 11 dias, 11 horas e um minuto apenas com 1.111 euros

Três anos depois de ter começado a grande aventura de viver durante um ano apenas com 1.111 euros, Andresa Salgueiro vai contar a sua experiência num livro cuja particularidade é ser trocado e não vendido.
Três anos depois de ter começado a grande aventura de viver durante um ano apenas com 1.111 euros, Andresa Salgueiro vai contar a sua experiência num livro cuja particularidade é ser trocado e não vendido.
Com lançamento marcado para este sábado, os 1.111 exemplares do livro foram “pagos” através de uma troca, tendo Andresa Salgueiro ficado de dar telhas à editora.
Tudo começou em 2011, quando Andresa Salgueiro, então com 35 anos, se sentiu triste com a monotonia da sua vida.
“Era efetiva numa empresa ligada à hotelaria, e sentia-me um bocado triste por fazer todos os dias a mesma coisa”, contou à agência Lusa.
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Andresa Salgueiro trocou com a editora a publicação do seu livro por telhas
“A minha vida estava a ser muito monótona e eu sempre tive o sonho de mudar o mundo, inspirar as pessoas, uma vez que sou psicopedagoga”, explicou Andresa Salgueiro.
A jovem decidiu então desafiar-se a si própria e viver durante 1 ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto apenas com 1.111 euros, apelando a muitas trocas – “umas mais fáceis de fazer que outras” — para conseguir sobreviver.
A aventura fez com que chegasse ao final do ano de 2011 ainda com dinheiro para gastar.
E hoje, dois anos volvidos, tem vivido quase sempre com 50 euros mensais (100 no máximo) para despesas extraordinárias que não possam ser alvo de trocas.
Andresa Salgueiro considera que o facto de não ter de pagar uma casa – já que vive numa habitação da família – ajudou a poder manter o projeto, mas explicou que chegou a “emprestar” um quarto a uma pessoa que, em troca, pagou as contas de eletricidade, da água e do condomínio.
“Sou adaptável ao máximo, para poder propor uma troca em função das necessidades das pessoas. Ao longo destes três anos aprendi a fazer imensas coisas diferentes, que são mais-valias para ajudar os outros”, explicou, lembrando que as suas principais “moedas de troca” são a criação de ‘sites’ e a elaboração de currículos profissionais.
No entanto, Andresa Salgueiro também fez limpezas, passeou animais, preparou refeições, dedicou-se a arrumações e decorou quartos, e admite que o mais difícil foi trocar as despesas da casa (luz e água).
Outra das dificuldades foi conseguir “pagar” o gasóleo para o carro com trocas, mas hoje já tem o próprio automóvel no sistema de trocas.
O lançamento do livro vai acontecer em Lisboa, mas, para ser coerente com a repetição de um número importante para si, estará colocado em 11 locais da capital, onde poderá ser trocado por outros bens.
Andresa Salgueiro pretende depois visitar 11 distritos portugueses para distribuir os livros – 38 exemplares por distrito -, sendo que cada região irá escolher uma associação para ajudar e os interessados no livro poderão “comprá-lo” trocando-o por bens ou serviços em prol da causa.
A autora considera que o livro é o “fechar de um ciclo”, tendo decidido terminar agora a experiência.
Fazer trocas “é giro, divertido e aventureiro”, mas também “é cansativo”, porque o dinheiro permite “não ter de dar satisfações a ninguém se pretendemos beber um sumo ou comer um gelado”, explicou.
“Nas trocas, temos de estar sempre a negociar, a despender do nosso tempo para fazer o serviço”, afirmou, embora reconheça que nunca irá deixar de fazer trocas.
“O dinheiro dá-nos independência, mas a troca dá-nos outra coisa: a aproximação com as pessoas, o alargar da rede de contactos, o sentir que estamos a fazer coisas úteis e a fazer o bem aos outros”, disse.
/Lusa

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