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RTP acaba com políticos comentadores

Os espaços de comentário de políticos, vistos como "tempo de antena", vão terminar, garante o novo diretor de informação da televisão pública. Mas isso não significa o fim do debate político na RTP.
ANT
A RTP vai deixar de ter políticos comentadores, assegurou Paulo Dentinho, o novo diretor de informação da televisão pública, ao Observador. Os “espaços singulares” de comentário, diz Dentinho, funcionavam como “tempo de antena”, uma realidade que não existe na maior parte dos países europeus, como França ou Inglaterra. Daí a decisão tomada. O que não significa, no entanto, o fim do debate político no canal público, segundo o seu diretor.
A presença de políticos na RTP vai ser garantida através de entrevistas ou de convites para participarem em debates — um formato que vai regressar ao canal 1 da televisão pública, já que agora estava concentrado na RTP Informação. O semanal Prós e Contras, conduzido atualmente pela jornalista Fátima Campos Ferreira, esse vai continuar a ser emitido, sem qualquer interrupção à vista.
Nuno Morais Sarmento, que comenta a atualidade na RTP às quintas-feiras, anunciou em direto, a 9 de abril, o fim do seu espaço de comentário. O contrato da estação pública com o antigo ministro da presidência tinha a duração de dois anos e termina, por isso, no final do mês de abril. Segundo noticiou o Diário de Notícias, A Opinião de Nuno Morais Sarmento alcançava uma audiência média de 745 mil telespectadores, sendo que no final de março de 2015 registou o melhor resultado desde a sua estreia, com mais de 800 mil seguidores.
Morais Sarmento assumiu o papel de comentador político na RTP em abril de 2013, todas as sextas-feiras. Era uma espécie de representante do PSD, na mesma altura em que o socialista José Sócrates ganhava o seu próprio espaço, com emissão aos domingos, em horário nobre. A RTP viria, no entanto, a suspender o espaço do ex-primeiro-ministro na sequência da sua detenção, em novembro do ano passado. Desde então, a estação pública não arranjou qualquer substituto para Sócrates, isto é, um comentador de esquerda.
A nova direção da RTP, definida em meados de março deste ano, decidiu agora que não vai convidar mais ninguém para fazer comentários nos mesmos moldes, os quais existem noutros canais portugueses. É o caso de Marques Mendes, aos sábados na SIC, ou de Marcelo Rebelo de Sousa, aos domingos na TVI. A nova filosofia da estação pública quanto ao comentário político vai ser vertida no livro de estilo da RTP, que vai sofrer atualizações.


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