Hamlet recolhe dinheiro para ajudar refugiados. “Que se lixem os políticos”

Anthony Harvey / Getty Images

O ator britânico Benedict Cumberbatch está a usar o seu papel na conhecida peça de Shakesperare para angariar fundos que revertam a favor dos refugiados. No fim de cada atuação, a audiência pode ouvir um discurso sobre a situação dos migrantes, um poema e, de vez em quando, uns insultos ao Governo britânico

O que é que Shakespeare tem a ver com a crise de refugiados? Não tinha nada até Benedict Cumberbatch ter decidido usar o seu papel de protagonista em “Hamlet”, atualmente em cena no londrino National Theatre, para marcar uma posição política. Cumberbatch tem discursado sobre a crise dos migrantes no final de cada espetáculo, mas esta terça-feira decidiu ir mais longe nas reivindicações: “que se lixem os políticos”, disse, referindo-se à atuação dos líderes europeus nesta situação.
A ideia base é simples: no final de cada espetáculo, Cumberbatch faz um discurso sobre a crise dos refugiados, com o objetivo de pedir doações para quem chega à Europa. Até ao momento, o projeto vai de vento em popa: Cumberbatch já reuniu 150 mil libras - 209 mil euros-, para entregar à Save the Children, uma organização humanitária que se dedica à defesa dos direitos das crianças.
Durante os discursos, Cumberbatch tem lido o poema “Home” - “Casa”, em português -, do poeta somálio Warsan Shire, que inclui um verso que tem circulado nas redes sociais duranteos últimos meses: “Ninguém põe uma criança num barco se a água não for mais segura do que a terra”.
Servindo-se da experiência de um amigo que está a fazer voluntariado na Grécia, um dos destinos preferidos pelos migrantes, Cumberbatch tem tentado sensibilizar a audiência para os problemas que afetam quem tenta chegar à Europa para fugir a situações de guerra e miséria. O maior alvo do ator tem sido o Executivo britânico, que acusa de não estar a dar resposta à crise.
Benedict Cumberbatch já se tinha mostrado crítico sobre o assunto este mês, em entrevista à Sky News. Na altura, o ator defendeu que “o que está a ser feito não é suficiente”: “temos todos de acordar para este assunto”, esclareceu. Para Cumberbatch, o ritmo de acolhimento aos refugiados que chegam todos os dias ao Velho Continente tem de ser acelerado.

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