Portugueses criam "nanoarma" para tratar cancro da mama sem cura

15 Dez, 2015 - 15:49 • Cristina Nascimento
Universidade de Coimbra inventa "uma espécie de cápsula” onde foi incluído “um cocktail de fármacos” que consegue debelar o cancro da mama triplo negativo.
Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra (UC) criou uma nanopartícula que consegue combater células tumorais no cancro da mama triplo negativo. O anúncio foi feito esta terça-feira pela UC.

Em declarações à Renascença, o líder do estudo, já publicado na revista científica Biomaterials, João Nuno Moreira explica que essa nanopartícula “é uma espécie de cápsula” onde foi incluído “um cocktail de fármacos” que consegue debelar a doença.
O cancro da mama triplo negativo, que tem uma incidência entre os 15 e os 20%, é um subtipo de cancro muito agressivo e para o qual ainda não existe terapêutica disponível. “A terapia de referência para este tipo de cancro é muito limitada porque se cinge apenas à quimioterapia convencional contra a qual os tumores e as células rapidamente desenvolvem resistência, o que limita a esperança de vida deste tipo de doentes”, explica.
Recorrendo a uma linguagem bélica, o cientista refere que os “tumores sólidos são compostos por diferentes exércitos, cada um com capacidades e armas diferentes para lutar contra os tratamentos que existem”.
“Uma das componentes do nosso trabalho foi identificar uma debilidade, uma fragilidade, que é comum a dois exércitos diferentes”, acrescenta.
João Nuno Moreira refere ainda outra novidade agora alcançada: “Há muitos trabalhos até à data que usam este tipo de estratégia, de base nanotecnológica, mas para veicular apenas um fármaco. O que nós fizemos foi colocar uma combinação de fármacos que tem esta capacidade de atacar dois alvos celulares diferentes em tumores de mama.”
O trabalho desta equipa de investigadores da UC, através do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) das faculdades de Farmácia e de Medicina e da empresa biotecnológica Treat U, já chamou a atenção de uma empresa do sector, mas para já ainda não há quaisquer perspectivas sobre quando é que esta terapêutica poderá estar disponível.
João Nuno Moreira diz ainda que estão a trabalhar para conseguirem aplicar a mesma técnica a outros tipos de cancro que não o da mama.

Comentários

Mensagens populares deste blogue