SAPO Saúde
com Lusa
Cientista português revela ligação entre vírus da hepatite D e cancro do
fígado
VHD tem um período de incubação entre 15 e 45 dias e
transmite-se através do sangue
Uma
investigação liderada por um cientista português revelou uma associação entre a
infeção crónica com o vírus da hepatite delta (VHD) e o cancro do fígado,
informou hoje o Instituto de Higiene e Medicina Tropical (IHMT).
Os
investigadores identificaram “um mecanismo envolvido na replicação do VHD que
potencia o desenvolvimento de células cancerígenas”, adianta o IHMT em
comunicado.
Através de
uma análise das proteínas e variantes de proteínas, a investigação liderada por
Celso Cunha, da Unidade de Ensino e Investigação de Microbiologia Médica do
instituto, revelou alterações na expressão de genes celulares que resultam da
replicação do referido vírus.
“O estudo
mostra, pela primeira vez, que o VHD altera o ciclo normal de regulação das
células num ponto preciso (…) provocando erros no ciclo. Os investigadores
acreditam que a interferência do vírus com este controlo é a causa do
desenvolvimento de processos carcinogénicos nas células”, segundo o instituto.
A
investigação, publicada no Journal of Proteomics, mostra ainda que “algumas
proteínas celulares que participam no suicídio das células cancerígenas são
sintetizadas em menor escala na presença do VHD, o que contribui para reduzir
as defesas do organismo e potenciar o desenvolvimento de cancro”.
“A
descoberta deste mecanismo de formação do cancro associado ao VHD poderá
contribuir, a longo prazo, para o desenvolvimento de terapias específicas”,
adianta o IHMT.
Para se
multiplicar e infetar o fígado dos seres humanos, o vírus da hepatite D depende
da existência do vírus da hepatite B. O VHD tem um período de incubação entre
15 e 45 dias e transmite-se através do sangue e transfusões sanguíneas, durante
o parto e através da partilha de seringas infetadas ou objetos de higiene
pessoal, como lâminas de barbear e escovas de dentes.
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