Portugal
Investigador no Porto desenvolve sistema portátil de deteção do cancro da mama
O
sistema assenta num biossensor eletroquímico portátil que irá analisar
uma pequena amostra de sangue do paciente e detetar a presença de
substâncias (biomarcadores) associadas ao cancro da mama
O
Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver um
sistema simples e portátil de deteção do cancro da mama que poderá vir a
ser utilizado em centros de saúde ou consultórios médicos, sem recurso a
biopsia.
"Só é preciso analisar o sangue, não é preciso biopsia, é um
procedimento muito simples", explicou hoje à Lusa Hendrikus Nouws,
professor adjunto do ISEP e investigador responsável pelo projeto cujos
resultados preliminares são apresentados terça-feira num seminário no
Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto).
O sistema assenta num biossensor eletroquímico portátil que irá
analisar uma pequena amostra de sangue do paciente e detetar a presença
de substâncias (biomarcadores) associadas ao cancro da mama.
A ideia do investigador é que o sistema não seja "nem muito caro, nem
muito grande", à semelhança dos mecanismos utilizados para medir a
glicose em diabéticos, para que seja possível descentralizar a deteção
do cancro da mama dos hospitais.
Nesta primeira fase, os ensaios com os biossensores foram feitos com
amostras sintéticas, sendo a próxima fase a aplicação a amostras de
doentes reais, para validação do sistema até ser possível a sua
comercialização.
Hendrikus Nouws alertou, porém, que o sistema do biossensor para
deteção do cancro da mama se encontra ainda numa "fase muito inicial" e
que, sendo uma "área muito sensível", faltam vários anos de testes e
ensaios com amostras reais -- para os quais será necessária a
colaboração com o IPO -- até ser validado pela própria comunidade
médica.
Sensibilizar a comunidade para o projeto é também o objetivo do
investigador na intervenção que fará na conferência de terça-feira, a
decorrer pelas 15:00, no auditório principal do IPO-Porto e dedicada às
"Perspetivas atuais e futuras da investigação do Cancro da Mama".
Esta investigação, que está a ser desenvolvida desde 2009 pelo ISEP
através do Grupo de Reação e Análises Químicas e em parceria com o
IPO-Porto, beneficiou de um financiamento 112 mil euros da Fundação para
a Ciência e a Tecnologia.
Ainda durante a conferência serão também abordados temas como "Estado
atual do tratamento do cancro da mama", por Joaquim Abreu de Sousa,
coordenador da clínica de mama do IPO-Porto, e "Terapêutica
personalizada e o papel dos biomarcadores no cancro da mama", por Noémia
Afonso, oncologista médica na clínica de mama.
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