Correio da Manhã

Cirurgia: Malformação congénita é rara

Técnica para reconstrução auricular

Por:Ana Sofia Coelho

A malformação do pavilhão auricular, uma anomalia congénita que pode resultar numa orelha pequena mal formada (microtia), ou na ausência da mesma (anotia), já pode ser corrigida através do tratamento cirúrgico. O objectivo é reconstruir a orelha a partir da cartilagem da costela do próprio paciente. A cirurgia, realizada no HPP – Hospital da Boavista, no Porto, pode ser feita em crianças a partir dos sete anos.

A anomalia, ainda que rara, atinge uma em cada dez mil crianças. Pode ser uma microtia (orelha mal formada) ou uma anotia (ausência completa da orelha). "Em 15 por cento das situações é uma anomalia bilateral. Nalguns destes casos, está associada com a ausência do canal auditivo", explicou o cirurgião pediátrico do Hospital da Boavista Norberto Estevinho.

O especialista decidiu apostar no tratamento cirúrgico da malformação do pavilhão auricular, aprendendo a técnica de reconstrução da orelha com o médico britânico Walid Sabbagh, um dos especialistas mundiais nesta cirurgia, durante uma formação no Royal Free Hospital, em Londres.

A reconstrução da orelha é feita com o próprio tecido do doente. "O melhor e único local do corpo onde se pode ir buscar tecido é à cartilagem da costela, devido à sua forma. E esta regenera-se mais rapidamente nas crianças", explica o cirurgião pediátrico. Por esse motivo, a idade ideal para o doente que sofre de microtia ou de anotia se submeter a esta cirurgia é a partir dos sete anos.

A operação divide-se em duas fases. Na primeira, que dura cerca de quatro horas, retira-se a cartilagem da costela e, através de um molde feito da outra orelha, "cria-se" uma nova orelha. Depois de preparar o local da nova orelha, a cartilagem é "colada" no respectivo local.

Na segunda fase da cirurgia, que só pode ser realizada seis meses após a primeira fase, a orelha é libertada para que se possa reconstruir a parte posterior. Normalmente, coloca-se um enxerto de pele atrás da mesma. A recuperação é, aproximadamente, de uma semana em cada cirurgia.

A primeira operação deste género no HPP – Hospital da Boavista foi realizada em Agosto, com o médico Walid Sabbagh a auxiliar o cirurgião pediátrico Norberto Estevinho.

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