
"Movimentos sociais geram grande afluxo"
Hélder Trindade, Director do Registo Português de Dadores de Medula Óssea, fala sobre o registo excepcional ao sábado
Correio da Manhã – As pessoas continuam solidárias ou o espírito de ajuda está em crise?
Hélder Trindade – Não, os portugueses são muito solidários e sempre que há campanhas as pessoas respondem. O problema é quando se desencadeiam movimentos sociais, por exemplo, através das redes da internet, e aparecem centenas de pessoas a querer inscrever-se. É um problema porque de um momento para o outro não temos os meios técnicos e humanos preparados para poder responder às necessidades e ao grande afluxo de pessoas.
– Têm surgido muitos movimentos sociais desencadeados pela internet?
– Já aconteceu. Surgiram centenas de pessoas à porta e foi um pouco complicado porque temos um número limitado de enfermeiros e técnicos – cinco no total – para fazer o registo e a recolha de sangue. Mas conseguimos lidar com a situação, ninguém foi embora sem se registar. Os promotores da iniciativa compreenderam que causaram um transtorno porque não avisaram previamente a nossa unidade.
– Já sentiu os cortes financeiros?
– A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo tem pago sempre.
– Quem pode ser dador?
– Qualquer pessoa saudável, entre os 18 e os 45 anos. Sessenta por cento dos dadores inscritos são mulheres.
– Porquê?
– Penso que tem a ver com a questão da maternidade. As mulheres estão mais sensibilizadas para a doença e em muitos casos são as crianças que precisam de um transplante de medula.
– Ainda há a ideia errada de que doar a medula óssea tem a ver com a coluna?
– Penso que não, há mais informação, as pessoas sabem que se trata de dar células do sangue.
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