Nascimentos: Mortalidade neonatal cai com a monitorização do feto

A monitorização cardíaca do feto durante o trabalho de parto reduz a mortalidade do recém-nascido em 53 por cento e diminui os riscos de morbilidade infantil, revela um estudo que analisou 1,9 milhões de nascimentos.

“Este é o maior estudo alguma vez feito sobre nascimentos”, sublinhou o presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia, João Luís Silva Carvalho.

Uma equipa de investigadores norte-americanos analisou os processos de quase metade de todos os nascimentos ocorridos nos Estados Unidos em 2004 e os resultados vieram confirmar o que a maioria dos ginecologistas há muito defende: os partos realizados em hospitais e maternidades são mais seguros.

Em 2004 nasceram nos Estados Unidos cerca de 4.112 milhões de crianças, mas para o estudo os investigadores excluíram todas as situações em que havia múltipla gestação, anomalia do feto e nascimentos antes das 24 semanas ou para além das 45. Resultado: foram considerados apenas 47 por cento do total dos partos, num total de 1,9 milhões de processos de nascimentos.

A investigação concluiu que “o risco de mortalidade infantil foi de três crianças por cada mil nascimentos realizados com ajuda de monitorização e de 3,8 por cada mil nascimentos sem monitorização”, lê-se no resumo do estudo publicado este ano no American Journal of Obstetrics and Gynecology. Ou seja, em cada mil bebés que se faz a monitorização cardíaca do feto evita-se uma morte.

"A monitorização reduz a mortalidade neonatal para 53 por cento", revela o resumo da comunicação agora publicada, que acrescenta ainda que “a monitorização está associada à diminuição da mortalidade e morbilidade”.

Em Portugal, nos últimos anos, nascem cerca de mil bebés longe dos hospitais e maternidades. Um fenómeno que representa menos de um por cento do total de nascimentos anuais, mas que mesmo assim preocupa os especialistas.

O presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, Miguel Oliveira Silva, considera que o parto domiciliário representa “um risco absolutamente desnecessário e preocupante que pode ter consequências terríveis para a criança”.

Também João Luís Silva Carvalho, critica esta opção: “Como médico e enquanto responsável da Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Obstetrícia não posso deixar de criticar muito fortemente a tendência modernizante para se implementar cada vez mais o parto domiciliário. Não tem o mais pequeno sentido”.

@Lusa

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