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Movimento "Zeitgeist" tem coordenador português a criticar sistema económico atual

“Durante a recuperação das operações para alongar os meus tendões de Aquiles e em que tive de reaprender a andar tive muito tempo para observar as pessoas e para me aperceber de como a riqueza estava mal distribuída. Senti algo de errado na sociedade”, conta à Lusa Miguel Oliveira, a viver na Trofa, onde trabalha numa empresa familiar de publicidade e multimédia que aderiu ao movimento aos 16 anos.

Hoje é um dos oito coordenadores internacionais do “Zeitgest”, participa na organização de reuniões periódicas pela Internet – de 15 em 15 dias – com os seguidores do movimento e defende um novo modelo económico, baseado nos recursos naturais existentes no Planeta Terra.

Segundo Miguel Oliveira, o que está errado na nossa sociedade é o sistema económico "obsoleto" com premissas desatualizadas que "para sobreviver precisa de um crescimento ad eternum", mas os "recursos são finitos".

“A solução que advogamos é um modelo económico baseado nos recursos naturais, em oposição a uma gestão monetária ou política, e que se baseia no método científico, onde se tem de fazer um levantamento dos recursos que existem para saber qual a capacidade de carga do planeta.

No guia de orientação do ativista “Zeitgeist”, com 50 páginas, pode ler-se que o “Método Científico” assenta em três passos: “reconhecer uma nova ideia ou problema que necessite ser resolvido”, “usar o raciocínio lógico para criar uma hipótese, considerando todas as informações disponíveis” e "testar a hipótese no mundo físico através da observação".

“Os valores que acreditamos que podem mudar o mundo para melhor é entender que somos todos um, num sistema económico global, com recursos naturais globais”, defende o jovem técnico de audiovisuais e multimédia.

O “Zeitgeist”, termo alemão cuja tradução é "espírito da época", é um movimento social inspirado no filme "Zeitgeist: Addendum" (2008) que trabalha para a mudança do clima intelectual, moral e cultural de uma era.

É composto por mais de meio milhão de seguidores espalhados por mais de 200 países, dos quais 55 já têm pessoas organizadas. "Europa, EUA e Canadá são os países mais ativos no movimento, mas Nova Zelândia, Palestina e Israel também estão a crescer, sendo que África e Ásia são os continentes onde há menos seguidores.

Em Portugal há três mil registos oficiais, com membros com idades compreendidas entre os 13 anos e os 62 anos", informou o coordenador Miguel Oliveira.

Os membros do movimento dividem-se em dois tipos: “apoiantes”, que concordam com tudo, mas não têm tempo para contribuir, e os “ativistas”, que concordam com tudo e estão dispostos a contribuir como podem.

O movimento Zeitgeist é o braço ativista do “Projecto Vénus”, que resulta do trabalho desenvolvido por Jacques Fresco, designer industrial e engenheiro social, que vive atualmente na localidade de Vénus, na Florida.

Segundo Jaques Fresco, a natureza ensinou que a única constante é a mudança.

“Não existem utopias. Por isso, para crescermos produtivamente enquanto espécie, temos de nos tornar especialistas em mudar as nossas mentes a respeito de tudo”, defende Jacques Fresco.

Miguel Oliveira acredita que só através da educação e alteração das mentalidades é que se podem ultrapassar os atuais problemas, como a pobreza, corrupção, colapso das instituições, sem-abrigo, guerra ou fome, mas tem a noção que essa mudança só se fará a “longo prazo”.

Lusa

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