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Fundação quer descobrir os "salvos" por Sousa Mendes

A Fundação Sousa Mendes norte-americana lançou uma campanha global para encontrar o maior número possível das mais de 30 mil pessoas salvas do holocausto nazi pelo cônsul Aristides de Sousa Mendes em 1940, no sul de França.

foto Arquivo JN
Fundação quer descobrir os "salvos" por Sousa Mendes
Aristides de Sousa Mendes

A iniciativa da "Sousa Mendes Foundation", que abrange ainda os descendentes dos "salvos" pela coragem do cônsul português em Bordéus, sul de França, em 1940, tem a colaboração da congénere portuguesa, a Fundação Sousa Mendes, do Comité Francês de Homenagem e ainda do Museu Virtual Aristides de Sousa Mendes.

O projecto de procura de "todos aqueles que foram directamente salvos ou os seus descendentes", como explicou Aristides de Sousa Mendes, neto do cônsul e presidente do Conselho Geral da fundação portuguesa, "visa reunir a grande família" que são os descendentes do diplomata e todos aqueles que foram salvo pelo "Justo" de Bordéus.

"A família representa a dádiva da vida e o húmus de todo este esforço tem como referência isso mesmo, agregar aqueles que são descendentes directos e aqueles que estão vivos graças à sua corajosa intervenção", apontou o neto do cônsul à Lusa.

Apesar de ter pouco tempo no terreno, a iniciativa lançada nos Estados Unidos da América (EUA) já deu frutos e, como refere o dirigente da fundação portuguesa, "é maravilhoso começar a perceber como tanta gente nem sequer fazia ideia de como tinha sido salva e, agora, começam a procurar elementos que os liguem a Aristides de Sousa Mendes, seja por fotografias da altura, seja "pela sua assinatura nos documentos que lhes permitiu escapar à morte".

Mas, admite Sousa Mendes, "há ainda muito trabalho por fazer", porque a maioria das pessoas encontradas são judeus. E a razão é que a comunidade judaica está melhor organizada, mas "é preciso lembrar que dos mais de 30 mil salvos ao terem permissão para viajar para Portugal, cerca de 20 mil não eram judeus".

"Um dos objectivos deste projecto é fazer avançar este reagrupar da grande família àqueles que, não sendo judeus, estão fora de contextos mais organizados e, por isso, com menos acesso à informação e a formas de contacto", sinalizou o neto do cônsul.

Sendo certo que é nos EUA e no Brasil que se encontram a maior parte dos "salvos" e dos seus descendentes, a Fundação Sousa Mendes (a portuguesa), segundo o seu presidente do Conselho Geral, "pretende, logo que estejam reunidas as condições (actualmente decorre uma disputa sobre a presidência da fundação portuguesa), criar uma delegação brasileira bem como, aproveitando os laços históricos, fazer avançar esta busca para aquele país".

Aristides de Sousa Mendes foi responsável, contra as ordens expressas por Oliveira Salazar, que, à data, ocupava igualmente a pasta dos Negócios Estrangeiros, pelo salvamento de mais de 30 mil pessoas, entre estas 10 mil judeus, o que lhe valeu ser condenado ao ostracismo pelo regime.

Morreu em 1954 na pobreza, mas, em 1966, o Memorial de Yad Vashem, em Jerusalém, atribui-lhe o titulo de "Justo entre as Nações", dando início à sua recuperação histórica até que, em 1987, o Estado português avança com a sua reabilitação oficial e é condecorado com a Ordem da Liberdade.

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