Cientistas criam mosquito que não transmite o vírus da dengue
Pesquisadores introduziram no Aedes aegypti a bactéria que bloqueia a multiplicação do vírus dentro do inseto; introduzidos na natureza, esses mosquitos se tornam maioria.
Clarissa Thomé, do Rio
Cientistas criaram em laboratório um tipo de mosquito Aedes
aegypti que não transmite o vírus da dengue. O resultado da pesquisa,
liderada pela Universidade de Monash, na Austrália, e feita em parceria
com a Fundação Oswaldo Cruz, está sendo apresentado no 18.º Congresso
Internacional de Medicina Tropical, no Rio de Janeiro.
Veja também:
Início do conteúdo Estudo avalia se dengue pode afetar o coração
Vacina antidengue tem apenas 30% de sucesso
Pesquisa usa radiação para deixar mosquito da dengue estéril
Divulgação
O mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue
Os pesquisadores introduziram no Aedes aegypti a bactéria
Wolbachia, presente em 70% dos insetos do mundo. Essa bactéria atua como
uma espécie de vacina para o mosquito e bloqueia a multiplicação do
vírus dentro do inseto. Dessa forma, o mosquito não transmite mais a
dengue.
A colônia de Aedes aegypti com Wolbachia é criada em laboratório. Depois, os insetos são liberados na natureza. Livres, eles se reproduzem com mosquitos locais e a bactéria é transmitida de mãe para filho pelos ovos.
A colônia de Aedes aegypti com Wolbachia é criada em laboratório. Depois, os insetos são liberados na natureza. Livres, eles se reproduzem com mosquitos locais e a bactéria é transmitida de mãe para filho pelos ovos.
Além de bloquear a transmissão do vírus da dengue, a bactéria
também tem efeito sobre a capacidade de reprodução. As fêmeas com
Wolbachi sempre geram filhotes com a bactéria - independente da situação
do macho. No entanto, os óvulos fertilizados das fêmeas sem Wolbachia,
que se acasalam com machos que tenham a bactéria, morrem.
Por conta disso, mesmo que uma pequena população de insetos com a bactéria seja introduzida na natureza, rapidamente esse tipo de mosquito se torna maioria. Foi o que aconteceu nas localidades de Yorkeys Knob e Gordonvale, em Cairns, na Austrália. Apenas cinco semanas depois da liberação dos mosquitos com a bactéria, em janeiro de 2011, a presença de insetos com Wolbachia alcançou 100% em Yorkeys Knob e 90% em Gordonvale, como mostrado abaixo.
Por conta disso, mesmo que uma pequena população de insetos com a bactéria seja introduzida na natureza, rapidamente esse tipo de mosquito se torna maioria. Foi o que aconteceu nas localidades de Yorkeys Knob e Gordonvale, em Cairns, na Austrália. Apenas cinco semanas depois da liberação dos mosquitos com a bactéria, em janeiro de 2011, a presença de insetos com Wolbachia alcançou 100% em Yorkeys Knob e 90% em Gordonvale, como mostrado abaixo.
Os especialistas se referem ao estudo como "potencial tecnologia
autossustentável", uma vez que a transmissão da bactéria é garantida no
processo reprodutivo do mosquito, dispensando os custos de soltura
continuada no ambiente.
No Brasil, o projeto está na primeira fase. Os cientistas estão fazendo, em laboratório, a manutenção de colônias dos mosquitos com Wolbachia e o cruzamento com Aedes aegypti de populações brasileiras.
O projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil" conta com financiamento da Fiocruz, Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - DECIT/SCTIE) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNPq).
No Brasil, o projeto está na primeira fase. Os cientistas estão fazendo, em laboratório, a manutenção de colônias dos mosquitos com Wolbachia e o cruzamento com Aedes aegypti de populações brasileiras.
O projeto "Eliminar a Dengue: Desafio Brasil" conta com financiamento da Fiocruz, Ministério da Saúde (Secretaria de Vigilância em Saúde - SVS e Departamento de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos - DECIT/SCTIE) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (CNPq).
Comentários