PÚBLICO
Publicado catálogo das mutações genéticas na origem dos 30 cancros mais comuns
Identificados mais de 20 processos mutacionais no ADN que originam o desenvolvimento de cancro.
Todos os cancros resultam
de mutações na molécula de ADN, que dá instruções às células para
fabricarem as proteínas de que somos feitos. Essas alterações podem ser
substituições nas “letras” (quatro pequenas moléculas) que compõem a
molécula de ADN, em forma de dupla hélice, ou inserções de novas
“letras” e o apagamento de outras.
Nalguns tipos de cancro sabe-se bem o que causa as mutações, como os químicos no fumo do tabaco ou a radiação ultravioleta, que danificam respectivamente o ADN das células dos pulmões e da pele e que, mais tarde, desembocam em cancro. Mas em muitos outros cancros desconhece-se a origem das mutações.
Nalguns tipos de cancro sabe-se bem o que causa as mutações, como os químicos no fumo do tabaco ou a radiação ultravioleta, que danificam respectivamente o ADN das células dos pulmões e da pele e que, mais tarde, desembocam em cancro. Mas em muitos outros cancros desconhece-se a origem das mutações.
A
equipa, liderada por Mike Stratton, director do Wellcome Trust Sanger
Institute, no Reino Unido, compilou quase cinco milhões de mutações nos
30 cancros mais vulgares (desde o colorrectal e colo do útero até ao da
mama, estômago e próstata) em 7042 doentes. Também sequenciou o ADN
normal dos doentes, para se poder estabelecer a origem das mutações.
Chegou-se assim a 21 processos distintivos (ou “assinaturas”) de
alterações no ADN ligadas ao cancro.
“Identificámos a maioria das
assinaturas mutacionais que explicam o desenvolvimento genético e a
história dos cancros dos doentes”, frisa o primeiro autor do artigo,
Ludmil Alexandrov, do Wellcome Trust Sanger Institute, citado num
comunicado. “Estamos a começar a compreender os complicados processos
biológicos que ocorrem ao longo do tempo e deixam estas assinaturas
mutacionais no genoma dos cancros.”
Todos os cancros têm duas ou
mais assinaturas, o que reflecte, segundo o comunicado, a variedade de
processos envolvidos. Mas cancros diferentes têm diferentes processos
mutacionais: se são só dois no cancro dos ovários, no do fígado são
precisos seis. Algumas mutações existem em diversos cancros (há uma
família de enzimas chamada APOBEC que está ligada a mais de metade dos
tipos de cancro), enquanto outras são específicas de um único cancro. Em
25 cancros, as alterações genéticas estão ligadas à idade. Além de
factores ambientais como o tabaco, outras mutações devem-se a problemas
na reparação de danos no ADN.
Com este catálogo — com contributo
de Samuel Aparício, da Agência do Cancro da Colúmbia Britânica, em
Vancôver, no Canadá, e Carlos Caldas, da Universidade de Cambridge, no
Reino Unido —, os cientistas esperam que os tratamentos e a prevenção do
cancro sejam cada vez melhores.
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