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Cientista português cria técnica que mostra 'mais cedo' o cancro
8 de Dezembro, 2013
Um
cientista português desenvolveu uma técnica que "provou conseguir
detectar mais cedo e com maior precisão" o cancro, um feito que consta
de um artigo hoje publicado na revista Nature Medicine.
Tiago
Rodrigues trabalha na Universidade de Cambridge e a sua equipa partiu da
constatação de que uma das características fundamentais de qualquer
cancro é a multiplicação descontrolada das células anormais que o
constituem.
"Este crescimento anormalmente rápido implica que a
maioria dos tumores utiliza muito mais glicose (a principal fonte de
energia do corpo) que os tecidos normais", explica fonte da universidade
que está a divulgar a descoberta.
Com base nesta característica,
prossegue a mesma fonte, Tiago Rodrigues desenvolveu uma técnica de
ressonância magnética que permite "ver em detalhe as moléculas que as
células cancerígenas utilizam para produzir a energia e seguir assim os
tumores em movimento".
"A nova abordagem já provou conseguir
detectar mais cedo e com maior precisão, não só novos tumores mas também
a eficácia de uma determinada terapia".
Para Tiago Rodrigues,
"se se comprovar que a técnica é segura e eficaz em pacientes
oncológicos, esta pode tornar-se uma ferramenta crucial para detectar
mais cedo, não só a doença, mas também a resposta ao tratamento,
poupando o doente e oferecendo assim, numa fase precoce, a possibilidade
de mudança de estratégia terapêutica e diminuição da carga psicológica e
física dos doentes expostos a este tipo de tratamentos
(quimioterapia)".
"Também no plano económico", prosseguiu, "esta
técnica poderá oferecer benefícios, pela redução de custos em
tratamentos ineficazes".
A abordagem desenvolvida por esta equipa
permite obter "imagens hipersensíveis (e não radioactivas) do consumo de
glicose e do seu metabolismo em tumores". "Este novo tipo de imagens já
demonstrou ser capaz de detectar numa fase extremamente precoce do
tratamento os efeitos de quimioterapia em ratinhos com linfoma. A ideia é
que células cancerígenas danificadas (por acção do tratamento) não
transformam a glicose noutros produtos de forma tão eficiente."
Segundo
Tiago Rodrigues, trata-se de uma técnica "relativamente simples e que
actua muito rapidamente. A glicose circula pelo corpo em poucos
segundos, pelo que podemos obter imagens do seu metabolismo muito pouco
tempo depois da sua injecção".
"A nossa abordagem pode ser
particularmente importante para a detecção e para a avaliação da
resposta a um determinado tratamento nos tumores onde a FDG-PET
(Tomografia por Emissão de Positrões) apresenta um baixo contraste, como
no caso do cérebro e da próstata. Como este método não utiliza radiação
ionizante, imagens sucessivas ao longo do tratamento poderão ser
utilizadas para seguimento (follow-up) da resposta terapêutica do doente
ao tratamento aplicado", explica o autor da descoberta.
Lusa/SOL
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