Jordi Savall renuncia ao Prémio Nacional de Música de Espanha em protesto contra Governo
Bob Edme O musicólogo, maestro e compositor espanhol Jordi Savall.
O musicólogo, maestro e compositor espanhol Jordi Savall renunciou esta quinta-feira ao Prémio Nacional de Música, de Espanha, acusando o Governo espanhol de "irresponsabilidade e incompetência", na defesa da arte.
Jordi Savall, 73 anos, foi distinguido na quarta-feira com o Prémio
Nacional de Música, mas anunciou hoje, em comunicado, que renuncia "com
profunda tristeza" ao galardão, instituído pelo Ministério da Cultura de
Espanha, lamentando o desprezo por quem tenta manter vivo "o património
musical hispânico".
O músico, que atuou
no dia 19 em Lisboa e se apresenta a 4 de novembro no Porto, agradeceu o
reconhecimento pelo prémio, no valor de 30 mil euros, mas justifica
esta renúncia como um "ato de repulsa em defesa da dignidade dos
artistas", e que possa servir de "reflexão para pensar e construir un
futuro mais esperançoso para os jovens".
"A ignorância e a amnésia são o fim de toda a civilização. Sem educação
não há arte e sem memória não há justiça", sublinhou o musicólogo
catalão, lamentando "a falta de consciência do valor da cultura" por
parte "dos responsáveis pelas mais altas instâncias do governo de
Espanha".
O Ministério da Cultura de
Espanha anunciou na quarta-feira a atribuição do Prémio Nacional de
Música 2014 a Jordi Savall, um dos mais reputados especialistas em
música antiga, pelo seu "inesgotável trabalho de recuperação e
divulgação do patrimóni musical espanhol".
Presença assídua em Portugal ao longo dos últimos anos, Jordi Savall
conta com mais de 40 anos de carreira, dedicados à música antiga, na
investigação, interpretação - em viola da gamba -, e direção musical.
Lusa
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