ZAP aeiou
Investigadores identificam possível causa das falhas de memória
A equipa de investigadores dos quatro países descobriu que “os
recetores A2A para a adenosina” têm “um papel crucial no surgimento de
problemas de memória”, divulga a Universidade de Coimbra (UC) numa nota
divulgada esta terça-feira.
A adenosina é a “molécula que funciona como sinal de stress no
funcionamento de vários sistemas do organismo, especialmente no
cérebro”.
Esta é uma “investigação sem precedentes”, sublinha a UC, adiantando
que o estudo, envolvendo especialistas da Faculdade de Medicina e do
Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, vai ser publicado no Molecular Psychiatry, “o mais importante jornal internacional da área da psiquiatria”.
A investigação, desenvolvida com “modelos animais (ratinhos)
saudáveis”, permitiu verificar, pela primeira vez, que o funcionamento
em excesso dos recetores A2A (“localizados na membrana dos neurónios”) é
“suficiente para causar distúrbios na memória”, salienta a UC.
Para conseguir a máxima precisão na informação sobre o comportamento
dos ratinhos durante as experiências, os especialistas de Coimbra
envolvidos no estudo criaram “um dispositivo inovador para, através da
utilização de uma técnica de optogenética (técnica que não existe na
natureza e que utiliza a luz para atuar e controlar ocorrências
específicas em sistemas biológicos), ativar este recetor de adenosina e
controlar de forma única o comportamento dos circuitos neuronais”.
DR Rodrigo Cunha / UC
Rodrigo Cunha, investigador da Faculdade de Medicina e do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC
Assim, “no exato momento em que os modelos animais desempenhavam as
tarefas de memória, foi possível verificar, inequivocamente, que uma simples ativação intensa do recetor A2A era suficiente para provocar danos no circuito e gerar problemas de memória”, explica Rodrigo Cunha, coordenador da equipa portuguesa.
Esta descoberta é determinante para a Alzheimer,
doença incurável caracterizada pela perda de memória, nomeadamente “para
o desenvolvimento de novos fármacos para o tratamento da demência mais
comum”, sustenta Rodrigo Cunha.
“Se a simples ativação do recetor A2A é suficiente para causar distúrbios na memória, é possível desenvolver bloqueadores seletivos deste recetor“, acrescenta aquele professor da Faculdade de Medicina de Coimbra.
“Os investigadores já sabem o caminho a seguir”, conclui Rodrigo
Cunha, recordando que “seis anteriores estudos epidemiológicos (alguns
europeus) distintos” já tinham confirmado que “o consumo de cafeína
diminui a probabilidade de desenvolver Alzheimer e que age sobre os
recetores A2A (a cafeína liga-se aos recetores e impede o perigo)”.
Os investigadores pretendem agora “desenhar moléculas químicas
semelhantes à cafeína capazes de atuar exclusivamente sobre este
recetor, impedindo-o de provocar danos na memória”, conclui Rodrigo
Cunha.
/Lusa
Comentários