Hamlet recolhe dinheiro para ajudar refugiados. “Que se lixem os políticos”
30.10.2015
Anthony Harvey / Getty Images
O
ator britânico Benedict Cumberbatch está a usar o seu papel na
conhecida peça de Shakesperare para angariar fundos que revertam a favor
dos refugiados. No fim de cada atuação, a audiência pode ouvir um
discurso sobre a situação dos migrantes, um poema e, de vez em quando,
uns insultos ao Governo britânico
O
que é que Shakespeare tem a ver com a crise de refugiados? Não tinha
nada até Benedict Cumberbatch ter decidido usar o seu papel de
protagonista em “Hamlet”, atualmente em cena no londrino National
Theatre, para marcar uma posição política. Cumberbatch tem discursado
sobre a crise dos migrantes no final de cada espetáculo, mas esta
terça-feira decidiu ir mais longe nas reivindicações: “que se lixem os
políticos”, disse, referindo-se à atuação dos líderes europeus nesta
situação.
A ideia base é simples: no final de cada espetáculo,
Cumberbatch faz um discurso sobre a crise dos refugiados, com o objetivo
de pedir doações para quem chega à Europa. Até ao momento, o projeto
vai de vento em popa: Cumberbatch já reuniu 150 mil libras - 209 mil
euros-, para entregar à Save the Children, uma organização humanitária
que se dedica à defesa dos direitos das crianças.
Durante os
discursos, Cumberbatch tem lido o poema “Home” - “Casa”, em português -,
do poeta somálio Warsan Shire, que inclui um verso que tem circulado
nas redes sociais duranteos últimos meses: “Ninguém põe uma criança num
barco se a água não for mais segura do que a terra”.
Servindo-se
da experiência de um amigo que está a fazer voluntariado na Grécia, um
dos destinos preferidos pelos migrantes, Cumberbatch tem tentado
sensibilizar a audiência para os problemas que afetam quem tenta chegar à
Europa para fugir a situações de guerra e miséria. O maior alvo do ator
tem sido o Executivo britânico, que acusa de não estar a dar resposta à
crise.
Benedict Cumberbatch já se tinha mostrado crítico sobre o
assunto este mês, em entrevista à Sky News. Na altura, o ator defendeu
que “o que está a ser feito não é suficiente”: “temos todos de acordar
para este assunto”, esclareceu. Para Cumberbatch, o ritmo de acolhimento
aos refugiados que chegam todos os dias ao Velho Continente tem de ser
acelerado.
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