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A história do empresário português de sucesso que acredita no OE16
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Fortunato Frederico não é típico
empresário mediático e presunçoso que podemos encontrar em cocktails na
capital, rodeado de tráfico de influências, ostentação e tias fúteis de
Cascais. Começou por baixo, trabalhou muito, construiu o seu negócio do
zero e hoje emprega mais de 600 pessoas em cinco fábricas e mais de 80
pontos de venda espalhados pelo globo, do Porto a Nova Iorque, Londres
ou Berlin. A sua marca, Fly London, é mais famosa e reconhecida lá fora
do que em Portugal. Um daqueles exemplos que tanto inspiram os
fervorosos adeptos do capitalismo sem freio. O self made men que todos poderíamos ser se vivêssemos na ilha da utopia neoliberal.
O sector de actividade de Fortunato
Frederico, o calçado, é um dos mais bem-sucedidos e um dos que mais
exportações tem dado ao nosso país. O patrão da Kyaia compete
directamente com a oleada máquina italiana e com as principais insígnias
mundiais e, de acordo com uma notícia publicada no Dinheiro Vivo no final de 2011, a Fly London era já a oitava marca de sapatos mais vendida em todo o mundo.
Neste patamar de competitividade, era
expectável ouvirmos de Fortunato Frederico o habitual discurso dos
empresários mercenários sediados na Holanda, que adoram colher todo e
qualquer benefício estatal, pagar poucos ou nenhuns impostos e desviar
dinheiro através de paraísos fiscais mas que se esforçam por pagar mal e
dar aos seus trabalhadores péssimas condições de trabalho ao mesmo
tempo que colhem o máximo de lucro possível. Era expectável ouvirmos o
dono da Fly London afirmar, nesse contexto de pânico simulado destinado
a criar instabilidade que os empresários encostados ao lobby neoliberal
tanto gostam de promover, que este orçamento de Estado é uma ameaça às
exportações ou um atentado à competitividade.
Ao invés disso, disse Fortunato Frederico sobre o OE16: “O orçamento cumpre as principais promessas: o consumo crescerá e haverá mais dinheiro na economia”. Questionado pelo Expresso, o patrão da Kyaia afirma que o OE16 lhe inspira confiança (16 valores em 20) e que vai na direcção certa (15 valores).
Claro que a maioria dos empresários e
gestores questionados pelo Expresso, próximos do pensamento dominante
nos partidos do anterior governo, dão nota negativa ao OE16. Não
obstante, muitos deles pouco ou nada percebem de produtividade, sendo,
ao invés disso, versados na arte da nomeação e do compadrio, com
currículos feitos de jogos de bastidores e em empresas públicas
deficitárias que ajudaram a arruínar enquanto eram principescamente
pagos. Outros há que devem os seus percursos a lugares oferecidos por
empresas cujo sector foi por si tutelado aquando das suas passagens por
ministérios ou secretarias de Estado. Fortunato Frederico não será um
daqueles CEO’s do Ano que acabam humilhados às mãos de uma esganiçada
qualquer mas percebe o seu negócio, produz e acrescenta valor à economia
portuguesa. E não parece, ao contrário do coro à direita, minimamente
preocupado com a competitividade. Ou com as suas exportações, que
representam a maior fatia do seu negócio. Porque será?
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