DN
Nova tecnologia permite detetar de forma precoce cancro do colo do útero

ARQUIVO/GLOBAL IMAGENS
Rastreio é feito a partir de smartphone e ajuda os profissionais de saúde a fazer um pré-diagnóstico
O
centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS, localizado no Porto,
está a desenvolver uma tecnologia que permite detetar mais precocemente
patologias como o cancro do colo do útero e as doenças de chagas e do
sono, em países subdesenvolvidos.
O
rastreio precoce, "mais efetivo em áreas com carências graves na
assistência médica", é feito através de funcionalidades presentes nos
'smartphones', para aquisição e processamento de imagem, de acordo com
um comunicado divulgado pela instituição.
"Ao
telemóvel é conectado um dispositivo de baixo custo que permite a
aquisição da imagem com a resolução necessária. Posteriormente, as
imagens são analisadas através de algoritmos de processamento de imagem e
análise de dados de modo a identificar as estruturas e auxiliar os
profissionais de saúde no pré-diagnóstico das respetivas doenças", disse
a investigadora sénior do projeto, Maria Vasconcelos.
As
doenças de chagas e do sono, que aparecem geralmente na América Latina e
África, "são mortais" e transmitidas às pessoas e aos animais através
da mordida de pequenos insetos, como é o caso do triatomine e tsetse. "O
elevado número de mortes resultantes está associado a diagnósticos
tardios".
Com esta tecnologia e com o
dispositivo de baixo custo, ambas as doenças podem ser detetadas em
estádios inicias, recorrendo a imagens microscópicas obtidas a partir da
análise de uma amostra de sangue do paciente, detetando dessa forma os
respetivos parasitas e permitindo o seu tratamento.
No
caso do cancro do colo do útero, "a segunda causa de morte mais
frequente na mulher nos países em vias de desenvolvimento", o novo
sistema utiliza o mesmo dispositivo de baixo custo para capturar imagens
de citologia líquida, auxiliando no pré-diagnóstico da patologia.
A
deteção deste tipo de doença é feita, normalmente, através de imagens
citológicas resultantes de exames realizados com aparelhos
especializados, "de elevado custo e não móveis", como é o caso do teste
ao vírus do papiloma humano (HPV) e do Papanicolau.
Para
a filaríase linfática, "infeção parasitária que pode gerar alterações
ou ruturas no sistema linfático e um crescimento anormal de certas
regiões do corpo, causando dor, incapacidade e estigma social", é também
utilizado o sistema de aquisição de imagens para identificar os
parasitas, através de uma amostra de sangue.
Esta
tecnologia é idêntica a que serviu de base ao projeto MalariaScope -
uma solução capaz de pré-diagnosticar a malária -, estando agora a ser
aplicada a estas doenças, que afetam "significativamente" a mortalidade
em países subdesenvolvidos.
Os
trabalhos para adaptar a tecnologia ao rastreio da doença de chagas e do
sono, do cancro do colo do útero e da filaríase linfática, foram
desenvolvidos na Fraunhofer Portugal por estudantes da Faculdade de
Engenharia da Universidade do Porto, durante o ano letivo 2015/2016, com
a colaboração do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e do Hospital
Fernando Fonseca.
Comentários