Visão
Há um novo remédio que parece funcionar na cura do Alzheimer
07.11.2016 às 12h19

GSO Images
O novo medicamento passou com sucesso a primeira fase de testes em doentes e pode ser a solução para a ainda incurável doença de Alzheimer
Lembra-se de, no mês passado (Outubro de 2016), lhe termos dado conta
de uma nova esperança para a cura do Alzheimer? O comprimido em causa
chama-se Verubecestat, é produzido pela gigante farmacêutica Merck e
passou com sucesso a primeira fase de testes.
É considerado o
comprimido que desliga a produção de placas amilóides (aglomerados de
proteínas que bloqueiam e matam neurónios do cérebro) e, a ser capaz de
conter o avanço da demência, pode vir a ser o primeiro licenciado para o
efeito.
Crescem assim as esperanças num tratamento efetivo que
pretende introduzir uma quebra na produção regular destas proteínas - as
amilóides-beta, conhecidas por se acumularem do cérebro dos doentes com
Alzheimer
Este Verubecestat pretende, então, travar estas
proteínas que matam os neurónios saudáveis e levam à perda de memória,
ao declínio cognitivo e às mudanças de personalidade. Matt Kennedy é o
responsável pelo teste do medicamento alerta "é ainda prematuro
especular sobre a sua eficácia" mas, de facto, as opções terapêuticas
que temos hoje para estes doentes são muito poucas "e as que existem
previnem o avanço da doença apenas no curto prazo. Não vão diretamente
ao alvo fundamental da doença" disse.
O teste deste medicamento
foi publicado na última quarta-feira (2 de novembro de 2016) no jornal
cientifico Science Translational Medicine e foi aplicado em 32 doentes
ainda num estágio pouco avançado da doença. Os pacientes receberam o
tratamento durante sete dias e os voluntários saudáveis receberam-no
durante duas semanas.
Embora o tempo do teste não tenha sido
suficiente para se observarem resultados muito visíveis numa ressonância
magnética, por exemplo, as amostras do líquido cefaloraquidiano
mostraram que o comprimido reduziu os níveis de dois compostos que criam
estes blocos de proteínas.
O neurocientista e professor John
Hardy foi o primeiro a propor a teoria das proteínas de amilóide como
centrais na doença e recebeu com muito agrado os resultados deste
primeiro teste, dizendo apenas que a única certeza que ainda não temos é
a de que o medicamento pode trazer benefícios cognitivos para os
pacientes.
A grande vantagem deste comprimido é que parece ter
poucos efeitos secundários (ao contrário de outros anteriormente
testados) e a farmacêutica já está a realizar a próxima fase de testes
mobilizará um total de 3500 pacientes.
A companhia americana de
biotecnologia Biogen também está a trabalhar há algum tempo numa solução
de tratamento do Alzheimer mas o professor John Hardy acredita que o
comprimido da Merk tem mais probabilidades de ser barato e fácil de
produzir do que a terapia da Biogen que envolver injeções com
antibióticos.
Notícias ainda pouco concretas mas animadoras por
abrirem um caminho de esperança para uma doença que até hoje não se
previne, não se atrasa, não se trata e matou 1650 portugueses em 2014
(segundo os últimos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística).
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