Portugueses descobrem novo mecanismo com efeito protetor contra a sépsis
O estudo é hoje publicado na revista
científica Cell e foi divulgado em comunicado pelo Instituto Gulbenkian
de Ciência, instituição a que pertence o investigador Miguel Soares.
Nos
últimos cinco anos, esta equipa de investigadores tem proposto que os
doentes que resistem à sépsis desenvolvem uma resposta protetora que
mantém a função dos órgãos vitais, conferindo tolerância à infeção.
“Utilizando modelos experimentais de sépsis em ratos, a equipa de Miguel
Soares descobriu agora um mecanismo que é vital para conferir essa
tolerância”, refere o Instituto Gulbenkian de Ciência.
Segundo os investigadores, um elemento essencial para
promover a tolerância à infeção é a forma como os níveis de ferro são
controlados em diferentes tecidos. Ao mesmo tempo, sabia-se já que a
forma de desenvolvimento (patogénese) da sépsis está associada com a
desregulação do metabolismo da glucose (açúcar).
“O que
descobrimos agora é que estes dois fenómenos estão intimamente
interligados. O controlo do metabolismo do ferro é necessário para
manter a produção de glucose no fígado, de modo a que este açúcar possa
ser usado como fonte vital de energia para outros órgãos”, refere Miguel
Soares na nota do Instituto Gulbenkian de Ciência.
Sebastian
Weis, investigador que se encontra a fazer um pós-doutoramento com
Miguel Soares, induziu sépsis em ratos de laboratório e comparou a
progressão da doença em ratos com ou sem ferritina, uma proteína que
controla o ferro no fígado.
Descobriu então que a ferritina é
absolutamente necessária para que o fígado produza glucose depois da
infeção e, assim, proteger o rato de sucumbir à sépsis.
“Os
nossos resultados mostram que a ferritina controla a produção de glucose
no fígado de modo a que os níveis de glucose no sangue sejam mantidos
dentro de um limite que permita a sobrevivência. Sem ferritina, os
níveis de glucose continuaram a descer e os ratos morreram de sépsis”,
refere Sebastian Weis, atualmente investigador em Jena University
Hospital (Alemanha), onde parte das experiências foram conduzidas.
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