Investigadores fazem nascer alimento a partir de eletricidade e dióxido de carbono
VISÃO
31.07.2017 às 16h34
Ainda é cedo para falar em resolver os problemas da fome no mundo, mas os resultados de uma experiência com um reator especial são promissores
Água,
dióxido de carbono e micróbios. Tudo junto num pequeno bioreator, onde
os ingredientes são submetidos a eletrólise (decomposição por meio da
corrente elétrica, neste caso com recurso a painéis solares). A receita
pode não fazer crescer água na boca, mas o resultado é cientificamente
"delicioso": um material sólido com um perfil nutricional semelhante ao
de um alimento básico.
Para já, foram precisas duas semanas para
uma série de pequenos reatores, do tamanho de chávenas de café,
produzirem uma colher cheia destas proteínas unicelulares, mas os
investigadores esperam que, a partir desta experiência, um dia seja
possível usar este alimento em voos espaciais de longo curso ou até
mesmo combater a fome nas regiões mais pobres do mundo. Sobretudo porque
os ingredientes são fáceis de encontrar: "Na prática todos os materiais
estão disponíveis a partir do ar", afirma Juha-Pekka Pitkänen, o
investigador que liderou a experiência e que lidera também o Centro de
Investigação Técnica VTT, na Finlândia, parceiro da Universidade de
Lappeenranta neste projeto.
O
responsável explica que a ideia é que possa chegar-se a uma espécie de
reator doméstico para a produção de proteínas. E não é só a alimentação
humana que está em vista: usada como substituto para a forragem, pode
ajudar a libertar terra para outros fins.
Este processo de
criação de alimento a partir da eletricidade pode ser até 10 vezes mais
eficiente do que a fotosíntese comum, usada pelas plantas para se
alimentarem.
A equipa já está focada no desenvolvimento
da tecnologia para permitir, dentro de uma década, estimam, ter uma
produção em quantidade suficiente para poder ser testada como
alimentação humana e animal.
"A longo prazo, a proteína criada
com eletricidade pode ser usada na cozinha", acredita Pitkänen,
satisfeito com a riqueza nutricional do produto: mais de 50% de protéina
e 25% de hidratos de carbono. O restante corresponde a gordura e ácidos
nucleicos.
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