Tratamento do cancro da próstata permite cura em poucos minutos

Choques elétricos dizimam cancro com técnica minimamente invasiva, praticada em hospital do Porto. 

Por Manuel Jorge Bento|08.12.18 

E se fosse possível deixar de ter cancro na próstata em 30 a 90 minutos, numa intervenção minimamente invasiva, e ter alta no dia seguinte? É o que permite a técnica de eletroporação irreversível. "Com base na fusão das imagens de ressonância magnética e ecografia, são introduzidas agulhas (elétrodos) através do períneo, entre o ânus e os testículos, e entre cada par de agulhas é gerado um campo elétrico de alta intensidade e curtíssima duração (microssegundos), que destrói apenas a membrana das células cancerígenas, induzindo a sua morte", explica José Sanches de Magalhães, urologista que realizou a 100ª intervenção em Portugal, no Hospital de Santa Maria, no Porto. 

O procedimento médico custa cerca de 15 mil euros, mas há já subsistemas de saúde a comparticipar quase a 100%, ainda que por reembolso da despesa e não adiantamento do valor. 

A intervenção - sob anestesia geral - preserva a glândula e "permite minimizar efeitos secundários associados ao tratamento deste cancro, como a disfunção erétil, a impotência sexual ou o risco de incontinência urinária", indica o médico, especialista em urologia oncológica. Além disso, "como não inclui incisões, o tempo de recuperação é mínimo, com menos dor no pós-operatório", refere.

 No dia da cirurgia, "o doente faz um clister de limpeza e, depois, é aconselhável ficar com uma sonda na uretra dois dias para evitar o risco de inflamação ou edema", conclui.José Sanches de Magalhães, médico urologista

CM - Quais as diferenças para outros tratamentos?

José S. Magalhães – Ao contrário de outras técnicas, em que há cirurgia ou radioterapia e em que se trata toda a glândula, fazemos apenas uma destruição parcial que não usa calor ou frio extremos, logo não danifica o ‘andaime’ que suporta as células cancerígenas, o que permite uma boa regeneração. 

CM – A eletroporação irreversível é usada apenas para este tipo de cancro?

– Também é utilizada para outras patologias, no tratamento do cancro no pâncreas, nos rins e no fígado. Começa agora a dar os primeiros passos em Portugal.

CM – É importante que a técnica seja disponibilizada no Serviço Nacional de Saúde?

– Seria excelente. E existem também outras técnicas de terapias focais que podiam ser utilizadas, com excelentes resultados.


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