O futuro da humanidade pode passar pelo Alentejo

Ana Ganhão

O Centro de Investigação Tamera pretende construir uma aldeia onde a radiação solar é a única fonte de energia utilizada, podendo ser esta aldeia o exemplo do futuro da humanidade.

O Tamera é um Centro Internacional de Pesquisa para a Paz, uma escola do futuro e um ponto de encontro internacional de trabalhadores, oriundos de muitas partes do mundo, para a paz. Foi fundado em 1995 num terreno com cerca de 134 ha situado no Baixo Alentejo, na freguesia de Relíquias e concelho de Odemira. A sua fundadora, Sabine Lichtenfels, deu o nome “Tamera” a este projecto que numa língua antiga significa “junto à fonte primordial”. O nome é um apelo para a ligação primordial às nossas origens, à natureza, à vida comunitária e ao empenho pela paz mundial.

Actualmente, encontram-se em Tamera cerca de 160 colaboradores e estudantes de diferentes faixas etárias e nacionalidades. O objectivo é investigar o conhecimento necessário para o estabelecimento de aldeias para a paz que devem e podem surgir em muitos países. Estes modelos assentam num modo devida sustentável, tanto do ponto de vista ecológico como social, incluindo a cooperação com a natureza e com os animais. Encontrar outras formas de produção de energia é assim um dos desafios do Centro de Investigação Tamera.

“A aldeia solar é uma ideia para criar um local que resolveria todas estas questões da água, da energia e dos alimentos no contexto comunitário de uma aldeia. Primeiro com 50 pessoas e depois, mais tarde, pode ser expandido a 500 pessoas, para encontrarmos soluções-modelo. Como é que as pessoas podem viver e ser independentes do monopólio energético? Como podem ter água limpa? E como podem ter bons alimentos, produzidos a nível local ou regional?”, questiona Leila Dregger do Centro de Investigação Tamera.

A tecnologia utilizada para a produção desta energia é bastante simples e reutiliza recursos existentes. Os espelhos parabólicos conseguem atingir temperaturas entre os 500 e os 700 graus e são utilizados para a confecção de alimentos, através de estruturas que se assemelham a um fogão convencional.

Para garantir a auto-suficiência energética é necessário armazenar energia para ser utilizada continuamente, 24 horas por dia, mesmo quando o sol não brilha. A estufa instalada no campo experimental tem um papel determinante neste processo. “Muitas vezes as estufas aquecem demais, este aquecimento excessivo é extraído através de um sistema de lentes que foca a luz para um tubo negro, onde passa o óleo vegetal que não produz poluição. Este óleo, a cerca de 200 graus, é utilizado como meio transportador da energia térmica, é extraído e pode ser armazenado num tanque isolado, que se torna numa pilha gigante”, explica Fabian Deppner do Centro de Investigação Tamera.

O acesso à água é outra das necessidades básicas a que esta tecnologia pretende dar resposta. Utilizando as diferenças de temperatura, é possível mover um motor, com capacidades de produzir energia, e até mesmo bombear a água para ser armazenada. Estes módulos tecnológicos podem ser o futuro da produção de energia limpa e barata, podendo vir a ser decisivos para aumentar a qualidade de vida individual, especialmente em países em vias de desenvolvimento.

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