
Cientistas descobrem mecanismo-chave que leva o cancro da mama a passar para os ossos 
Por Ana Gerschenfeld
Em 70 a 80 por cento dos casos de cancro da mama avançado, as células malignas espalham-se e formam tumores nos ossos. Agora, cientistas da Universidade de Princeton, nos EUA, acabam de descobrir um mecanismo envolvido na metastatização óssea que poderá abrir o caminho a novas formas de bloquear este processo.
“Não temos muitos tratamentos para oferecer às doentes [com cancro da mama]”, diz Kang em comunicado. “Os médicos conseguem aliviar os sin- tomas destes cancros ósseos, mas pouco mais. Os nossos resultados sugerem que poderá haver novas formas de tratamento” que permitam parar, ou pelo menos abrandar, o crescimento dos tumores ósseos, “neutralizando o poder destrutivo de Jagged1”, salienta o cientista.
“Descobrimos que as amostras de doentes com cancro da mama que se tinham espalhado para os ossos tinham níveis de Jagged1 mais elevados”, comenta por seu lado Nilay Se- thi, co-autor do trabalho, que foi o es- tudante que identificou a proteína como um dos componentes-chave da cadeia de acontecimentos moleculares que leva à desorganização do crescimento ósseo. O que a proteína Jagged1 faz, ao ligar-se a receptores presentes nas células responsáveis pela regeneração óssea, é activar uma cascata de sinais moleculares dentro dessas células (o chamado Notch signalling pathway), que acabam por perturbar o seu normal funcionamento.
Jacqueline Bromberg, especialista de cancro da mama do Memorial Sloan-Kettering Cancer Center de Nova Iorque, citada no mesmo documento, diz que estes resultados “demonstram a importância de desenvolver armas contra o ‘ambiente’ em que o cancro se desenvolve”. Ou seja, é preciso não apenas tentar destruir as células cancerosas, mas também travar as interacções entre as células malignas e as células normais do organismo que as cancerosas possam subverter.
Theresa Guise, oncologista da Universidade do Indiana, concorda: estes resultados, salienta, “mostram que existem interacções cruciais entre as células tumorais e as células ósseas. O trabalho da equipa de Princeton é importante, diz, porque “permitiu dissecar os contributos respectivos para o processo [de metastatização óssea] do tumor e do microambiente”.
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