Químico do MIT consegue hidrolisar água com materiais acessíveis

Folha artificial pode gerar energia para alimentar casas

Por PÚBLICO

Um pedaço de sílica do tamanho de uma carta de jogo, quatro litros de água, um catalisador e o Sol é tudo o que é preciso para dar energia barata a uma casa ao longo de um dia. A mini-obra de engenharia foi apresentada recentemente pelo químico do MIT Daniel Nocera na Reunião Anual da Sociedade Americana de Química, na Califórnia.
O processo imita o que se passa nas folhas das plantas O processo imita o que se passa nas folhas das plantas (João Henriques (arquivo))
O processo assemelha-se ao que acontece nas folhas das árvores. As plantas utilizam a energia do Sol para produzir compostos orgânicos, um processo chamado fotossíntese. Durante este processo conseguem hidrolisar a água – transformar uma molécula de água (H20) em oxigénio e hidrogénio – e libertam oxigénio.

A folha artificial da equipa de Nocera é também capaz de hidrolisar a água. É feita de três bandas de sílica. O material tem que estar submerso em água e directamente exposto ao Sol. Quando isso acontecer, capta a energia do Sol, o que provoca a hidrólise da água. O começo da reacção acontece devido a um catalisador que a equipa desenvolveu e está presente na folha sílica.

Depois, é necessário recolher este hidrogénio e oxigénio para produzir electricidade a partir de células de combustível. O que ainda não foi desenvolvido. “Tem que haver algum truque de engenharia para recolher os gases que vêm da sílica”, disse Nocera durante a apresentação. “Ainda não sabemos como é que isso se faz.”

O conceito não é novo. O primeiro aparelho semelhante foi construído em 1998 por John Turner, do Laboratório Nacional de Energias Renováveis dos Estados Unidos, em Boulder, no Colorado. “Mas usava materiais realmente caros”, disse Nocera. “Coisas que a NASA utilizaria.”

Neste caso os materiais são mais baratos e não é necessária água pura. “Pode-se usar água vinda da natureza, o que é muito importante em partes do mundo em que é caro obter este tipo de água”, disse.

A equipa já testou durante 45 horas seguidas as placas de sílica e elas mantêm a mesma actividade. De acordo com o cientista, este sistema é capaz de converter 5,5 por cento de energia do sol em combustível de hidrogénio. Segundo os cálculos, serão necessários 3,78 litros de água para gerar energia para uma casa durante um dia.

Para já, o catalisador desenvolvido para estas folhas artificiais já vai ser utilizado para dar energia no terceiro mundo através dos painéis solares convencionais que ficam mais baratos com esta nova tecnologia. O grupo internacional Tata, sediado na Índia, já fez um contrato com Nocera e está interessado na tecnologia. “No final de 2011, vamos ter protótipos destes painéis, provavelmente na Índia”, disse o químico.

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