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Voluntária de 91 anos é exemplo do grupo de batas amarelas

Aos 91 anos de idade, a ligeireza no andar e a firmeza na atitude solidária fazem de Maria Ramiro Godinho o modelo da orientação ética de um grupo de mulheres voluntárias que exercem no hospital de Abrantes.

A cumprir o 10º ano em actividade, a Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes criou em 2004 um grupo de voluntárias para prestarem apoio no hospital de dia, ao nível da ortopedia, medicina, cirurgia e doenças cancerígenas terminais, assegurando acompanhamento e visitas diárias, apoio psicológico, palavras de conforto e ajuda na hora da toma das refeições.

Dona Mira, como é acfetuosamente tratada pelas companheiras, sabe bem o que significa lidar com doenças terminais. O seu marido lutou durante doze anos contra um cancro, uma batalha que viria a perder em luta muito sofrida.

Então com 84 anos, dona Mira foi a primeira a inscrever-se para o serviço de voluntariado da Liga dos Amigos do Hospital de Abrantes. Queria vestir uma bata amarela para ajudar o próximo, partilhar a experiência de vida e os conhecimentos adquiridos. E o objetivo estava bem definido: ajudar e confortar os doentes com cancro e doenças terminais.

Isabel Alberty, coordenadora da Liga dos Amigos, disse que dona Mira «parece ter sete foles como os gatos», tendo acrescentado que «só falta mesmo trazer a cama» para o hospital, tal a sua dedicação e respeito pelo assumir do compromisso das visitas diárias.

«Estou farta de dizer que a dona Mira não pode estar sempre a dar tanto e que ainda vou ter de proibir o voluntariado a partir dos 80 anos. Mas ela diz-me que eu não a posso proibir de visitar os seus doentes, com ou sem bata, e eu tenho de me calar e aceitar», observou.

“Ela vive para os doentes e para os desprotegidos, é assim que ela é feliz e enquanto dona Mira quiser e puder é muito bem vinda por todos”, vincou.

Paula de Vahia tem 46 anos e é também uma voluntária na equipa de dona Mira sobre quem afirmou ser «a pessoa com mais energia» no grupo.

«Tem 91 anos mas não parece. Ela é a nossa orientação ética e moral e também nos dá muita força para continuarmos», observou.

Maria Ramiro Godinho, dona Mira, que de outro modo ela não aceita, afirmou «viver o evangelho todos os dias», assegurando que «é aí que estão todas as bases» do voluntariado.

«O meu marido morreu com cancro e eu passei por tudo isto durante muitos anos, pelo que sei dar valor à importância de dizer uma palavra certa à hora certa e viver com eles as horas más porque estão a passar», observou.

Dona Mira afirmou ter uma grande força espiritual que advém da sua força interior e do facto de «rezar e pedir todos os dias» para a caridade.

«Sou feliz assim», acrescenta dona Mira.

Em Abrantes, depois das visitas aos seus doentes acamados, dona Mira faz visitas a casa de pessoas desfavorecidas. Pelo telefone, soubemos que ia entregar nesse dia a 17ª cama articulada a uma pessoa em dificuldade.

Lusa/SOL

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