Aprovada primeira terapia genética para combater cancro

A Food and Drug Administration (FDA) aprovou o Kymriah,
também conhecido como tisagenlecleucel, um tratamento da
farmacêutica Novartis contra a leucemia linfóide aguda, um tipo de
leucemia que ocorre na medula óssea e principalmente em crianças e
jovens.
A nova terapia transforma as células de um paciente
numa “droga viva” e treina-as para reconhecer e atacar a doença. “Acho
que esta é a coisa mais emocionante que já vi na minha vida”, disse Tim Cripe, médico oncologista que fazia parte do painel do comité consultivo da FDA que votou, em julho, a favor da sua aprovação.
Esta droga é fabricada sob medida para cada paciente, ao contrário
das terapias convencionais contra o cancro como, por exemplo, a cirurgia
e a quimioterapia. Chama-se CAR-T e é feita a partir da extração de leucócitos
(glóbulos brancos) do sangue do próprio doente. Basicamente, o
tratamento extrai as células do paciente, reprograma-as e, de seguida,
volta a colocá-las no seu corpo, onde poderão atacar as células
cancerígenas.
“Estamos a entrar numa nova fronteira em inovação médica com a
capacidade de reprogramar células do próprio paciente para atacar um
cancro mortal”, disse o comissário da FDA, Scott Gottlieb, em comunicado.
“Novas tecnologias como as terapias de genes e células sustentam o
potencial de transformar a Medicina e criar um ponto de inflexão na
nossa capacidade de tratar e até mesmo curar muitas doenças intratáveis.
Na FDA, estamos comprometidos em ajudar a acelerar o desenvolvimento e
revisão de inovações de tratamentos que têm potencial para salvar
vidas”, acrescentou ainda.

Kymriah, da farmacêutica Novartis, é a primeira terapia genética aprovada nos EUA
Stephan Grupp, médico que tratou a primeira criança
com o CAR-T no Hospital Pediátrico de Filadélfia, diz que a nova terapia
respondeu de forma “extremamente emocionante”.
“Nunca tínhamos visto algo assim antes”,
acrescentou. Dos 63 pacientes tratados com a terapia, 83% entraram em
remissão num prazo de três meses mas as informações a longo prazo ainda
estão a ser recolhidas.
No entanto, a terapia tem riscos: pode causar a síndrome da libertação de citocinas,
isto é, uma queda perigosa na pressão arterial que pode ser mortal.
Como pode ser controlada com o uso de outros medicamentos, as
instituições que queiram utilizar a terapia terão de estar preparadas
para responder a este efeito secundário.
Além disso, os custos são significativos. O preço base deste tratamento situa-se nos 475 mil dólares,
cerca de 395 mil euros. Contudo, se um paciente não responder no
primeiro mês ao tratamento, a Novartis assegura que não haverá nenhum
custo associado.
ZAP // HypeScience / BBC
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