Portugueses desenvolvem vacina contra a gripe com proteção mais ampla e duradoura
Investigadores
portugueses estão a desenvolver uma vacina contra a gripe com uma
proteção mais ampla e duradoura, ao abrigo de um projeto europeu
financiado em cinco milhões de euros, informou hoje um dos envolvidos.
A vacina experimental, já testada
com sucesso em ratos para determinadas estirpes do vírus, foi produzida
por uma equipa de investigadores do Instituto de Biologia Experimental e
Tecnológica (iBET).
O investigador do iBET António Roldão, um dos
coordenadores no instituto do projeto europeu EDUFLUVAC, explicou que a
ideia é obter "uma vacina de ampla proteção contra o vírus da gripe",
e, portanto, com "uma duração superior", de pelo menos cinco anos, que
possa "ser útil para prevenir o impacto de uma pandemia", como a das
gripes aviária (H5N1) e suína (H1N1), cita a agência Lusa.
As
vacinas contra a gripe sazonal têm uma duração anual porque necessitam
de ser atualizadas em função da estirpe do vírus em circulação.
Segundo
o iBET, produzir uma vacina que seja capaz de proteger contra
diferentes estirpes do vírus da gripe "tornou-se uma prioridade
mundial".
A vacina contém proteínas derivadas do
vírus, e não o vírus propriamente dito, como sucede com as vacinas da
gripe comercializadas.
Nos ratos, os resultados dos testes
revelaram "a proteção da vacina contra determinados vírus da gripe",
tendo sido mais promissores para o subtipo H3, assinalou António Roldão.
Uma outra equipa envolvida no EDUFLUVAC mapeou e analisou todas as variantes do vírus da gripe que se conhecem desde 1914.
Com
base nessa análise, criou um algoritmo que permitiu determinar cinco
componentes proteicos que pensa cobrir todas as variantes e conferir
proteção de maior duração contra futuras infeções pelo vírus da gripe.
A
vacina experimental não tem na sua composição vírus da gripe "atenuados
ou desativados", mas proteínas derivadas do vírus que são "inofensivas
para o organismo humano", porque não têm o material genético do vírus,
reforçou o investigador do iBET.
Tais proteínas foram reproduzidas
em culturas de células do bicho-da-seda, permitindo reduzir os custos
de produção da vacina e, ao mesmo tempo, aumentar a resposta imunitária
nos animais, uma vez que o organismo-hospedeiro das proteínas do vírus
da gripe é diferente, é um inseto.
O projeto EDUFLUVAC começou em
2013 e termina em 2017, esperando a equipa de investigadores ter, até ao
final do ano, os resultados dos testes feitos com furões e macacos,
para poder avançar eventualmente com uma candidatura para realizar ensaios com pessoas.
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