DN Solidariedade

Portugueses pagam 2000 euros para fazer voluntariado nas férias

por FILIPA FRAGOSO

A  professora Filomena Cardoso vai embarcar pela terceira vez numa  "aventura", desta vez na Guiné-Bissau

Querem trabalhar quando podiam descansar, dormem em aldeias nas comunidades rurais em vez de em hotéis. São homens e mulheres que pagam para partir em missão e construir escolas ou oficinas no Senegal, Guiné e Brasil. E, garantem, chegam mais ricos.

Podiam estar a fazer férias no outro lado do mundo em resorts turísticos por metade do preço, mas, em vez disso, há portugueses que pagam cerca 2000 euros para trabalhar em projectos de voluntariado em países carenciados. Desde 2007, 117 portugueses dedicaram o seu tempo e dinheiro a comunidades no Senegal, Guiné-Bissau e Brasil, um projecto único em Portugal desenvolvido pela AMI que já angariou 50 000 euros.

São vários os motivos que levam os voluntários a aderir ao projecto: conhecer melhor a cultura de um povo, conhecer outras realidades, o enriquecimento pessoal e ajudar um povo pobre. No fim dos nove dias de projecto nesses países, os "aventureiros" garantem que voltaram a Portugal com mais amigos e que todos se despedem com tristeza. "No último dia saímos todos a chorar de saudade e por não podermos fazer mais por eles", contou com emoção ao DN Patrícia Matias, 33 anos e directora-geral de uma empresa, enquanto relatava a sua experiência no Senegal.

"É apenas dinheiro e fiquei muito mais rica sem esses 2000 euros", explicou a jovem que em Junho de 2010 partiu para o Senegal para ajudar na reconstrução de um centro de costura. "Para nós é uma coisa pequena, mas para eles tem um grande impacto na sociedade e é uma forma de gerar riqueza", acrescentou, salientando que já anda a planear aderir ao projecto da Guiné--Bissau.

Filomena Cardoso, professora de Português e Francês de 39 anos, já participou em dois projectos diferentes, um no Senegal e outro no Brasil. "Fica um pouco caro, mas abdicamos de outras coisas em função do que queremos", contou ao DN, mostrando vontade de continuar a participar nestes projectos.

Esta ideia da "Aventura Solidária" teve início em 2007, apenas com o Senegal como destino. Os voluntários pagam todas as despesas e, ainda, um donativo de 500 euros para o Brasil e Guiné-Bissau e 510 para o Senegal. Segundo a AMI já participaram 117 "aventureiros" e foi efectuado um donativo de cerca de 50 000 euros ao longo de todos os projectos. Os destinos mais procurados são os africanos: o Senegal fica por 1890 e a Guiné-Bissau por 2.100 euros. Já o Brasil, o destino mais caro e o menos procurado, fica num total de 2200 euros. Os valores cobrem o donativo e as restantes despesas: bilhete de avião, transportes, alojamento, seguro de acidentes pessoais e assistência em viagem e actividades culturais e lúdicas.

Segundo a AMI, estes projectos dão a oportunidade aos voluntários de "colaborar directamente na vida de comunidades empenhadas, na esperança de um futuro melhor". "É uma oportunidade para apoiar financeiramente uma causa ou projecto e assim contribuir significativamente para a melhoria da vida de uma comunidade desfavorecida."

Desde 2007 já foram realizadas 14 Aventuras Solidárias, estando já em calendário outras quatro. Nestes três anos, várias construções foram feitas com a ajuda destes 117 voluntários: três escolas, uma oficina de artes visuais, três centros de costura, uma maternidade, um centro de nutrição, três centros de saúde e uma unidade de moagem.

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