JNOlhares eram de pena, agora são de admiraçãoCarina Fonseca Nasceu sem mãos e sem pernas, mas não deixou de fazer o que lhe apeteceu. Isso inclui andar de moto-quatro, fazer bodyboard ou saltar de pára-quedas. Aos 29 anos, o actor Paulo Azevedo assume viver "sempre no limite". Usa próteses nas pernas desde os quatro anos (tem pavor de cadeiras de rodas), mas recusou pôr nos braços, "porque não sentia as coisas". Considera-se "uma pessoa normal". "Gosto muito de mim. Quando sonho comigo, sou sempre assim", diz. Por vezes, quando querem pedir-lhe autógrafos, perguntam a quem o acompanha: "Ele consegue escrever?". Consegue. Paulo Azevedo, que começara a fazer teatro amador logo em menino, acabou por ir para Lisboa, estudar para ser actor, sonho antigo, que realizou. Fez parte do elenco da novela da SIC "Podia Acabar o Mundo", mas a grande mudança deu-se antes, com a transmissão, no mesmo canal, em 2008, da reportagem "Uma Vida Normal", de Sofia Arêde, com imagem de Jorge Pelicano, retratando o seu quotidiano. É ele quem garante: "Antes da reportagem, quando eu ia para a praia, as pessoas olhavam para mim com pena e, de um dia para o outro, começaram a olhar para mim com admiração". O livro com o mesmo nome da reportagem vai na quarta edição. Hoje, Paulo Azevedo sente-se acarinhado na rua. Ao ponto de um homem ter desistido de o assaltar, à porta de casa, em Lisboa, quando o reconheceu: "Deixou cair a faca e foi-se embora, constrangido". Só que nem sempre foi assim. Não esquece os comentários feitos "em voz alta, como se não ouvisse". Assegura: "Se algum dia tivesse que agradecer por algum prémio que ganhasse, agradecia, especialmente, às pessoas que me diziam, na praia: "Coitadinho, mais valia não ter vindo ao mundo". Fiz das fraquezas forças". Tem uma meta: ser visto como "um actor perfeitamente normal". E "continuar a mostrar que as pessoas ditas diferentes são tão capazes como as ditas normais". Paulo Azevedo, a trabalhar, actualmente, numa longa-metragem, diz que, embora esteja a melhorar, "Portugal ainda é muito preconceituoso". Ouviu muitos "nãos", até chegar aqui. Mas valeu a pena: "Sabes o que é acordares de manhã e ires fazer uma coisa de que gostas?". |
Índia: restaurante coloca frigorífico na rua para que sem-abrigo possam tirar as sobras Quando a proprietária de um restaurante de Kochi, na Índia, viu uma mulher sem-abrigo a comer de um caixote do lixo, ao lado do estabelecimento, teve uma ideia: colocar um frigorífico na entrada do Pappadavada, para que os sem-abrigo se pudessem servir em segurança e, paralelamente, o restaurante reduzisse o desperdício alimentar. O frigorífico está disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, e todos se podem servir dele. Para além dos alimentos que, ainda que confeccionados, não são ingeridos pelos clientes ou colaboradores do restaurante, o frigorífico recebe várias refeições por lá colocadas por anónimos. Segundo Minu Pauline, citada pelo La Repubblica, o Pappadavada é responsável pela colocação de 75 a 80 refeições por dia no frigorífico. “O dinheiro é nosso. Mas os recursos pertencem à sociedade”, expli...
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