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Cultura

"Vim para a música para ser compositor"

"Ninguém começa um concerto para estudantes com a marcha fúnebre da 'Heróica'""A seguir ao 25 de Abril, desapareci de casa e andei perdido por Oliveira de Azeméis, com uma tenda de campismo" José Atalaya celebra 60 anos como profissional.O maestro tem 83 e continua a gravar com assiduidade
ISABEL PEIXOTO

Entretanto, em 1974, houve a revolução. Ao fim de 15 dias, fui saneado, proibido de entrar na rádio, desapareci de casa e andei perdido por Oliveira de Azeméis, com uma tenda de campismo. Logo a seguir, os músicos das três orquestras da emissora juntaram-se e pediram que eu regressasse. Então, os homens do PREC não só me readmitiram, como me conduziram ao posto mais alto: ser adjunto da própria direcção da Emissora Nacional. Depois, João de Figueiredo, que era presidente da direcção, nomeia-me director das três orquestras.

Qual foi o primeiro concerto que dirigiu?

Foi no Liceu Camões, em Lisboa. Dirigi a sinfonia "Heróica", de Beethoven, começando pela marcha fúnebre, o segundo andamento. Ninguém começa um concerto para estudantes pela marcha fúnebre da "Heróica". Isto é um atrevimento inaudito. Era preciso ter fé de que ia resultar e eu tinha.

Recorde-nos dois momentos especiais da sua carreira...

Quando dirigi pela primeira vez um coro (com orquestra), no Porto, com o "Messias", de Haendel. Outro momento foi o mais espantoso de toda a minha vida: aceitei o convite para dirigir o último espectáculo da audição integral das nove sinfonias de Beethoven, no Coliseu de Lisboa, com a orquestra mais famosa do pós-guerra, a Philharmonia Orchestra, constituída em 1945 com músicos das filarmónicas de Berlim e de Viena e da sinfónica de Londres.

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