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Portugueses descobrem mecanismo que trava crescimento e capacidade invasiva de células tumorais

Um grupo de investigadores portugueses descobriu um mecanismo que trava o crescimento e a capacidade invasiva das células tumorais, apontando uma nova estratégia para o tratamento do cancro.

Os investigadores esclareceram o papel de um gene, LRP1B, “que suprime o crescimento e a invasão das células tumorais de uma forma pouco convencional”, explicaram à Lusa dois dos membros da equipa.

“Este gene atua removendo fatores do meio que circunda as células que, de outra forma, seriam cruciais para as células tumorais”, referem Paula Soares e Hugo Prazeres, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (IPATIMUP).

De acordo com os investigadores, “esta descoberta revela-se particularmente interessante porque consubstancia um novo mecanismo de supressão de tumores e aponta uma nova estratégia para tratar o cancro”.

Paula Soares e Hugo Prazeres explicaram que o cancro resulta da acumulação progressiva de alterações genéticas que influenciam determinados mecanismos na célula.

Entre estes mecanismos, continuaram, encontram-se a divisão celular, a reparação de erros no ADN e a transmissão de sinais, entre outros.

“Este estudo veio agora abordar um gene que elucida um novo mecanismo que afeta o crescimento e a capacidade invasiva das células tumorais, e que envolve a modelação da composição do meio que circunda as células”, disseram.

As células que desenvolvem a capacidade invasiva são capazes de penetrar nos tecidos vizinhos, destruindo-os, fazendo com que o tumor se espalhe.

Os investigadores salientam que o impacto desta descoberta “pode ser significativo”, já que se perspetiva “que este mecanismo possa ser encontrado em vários tipos de cancro de grande incidência, incluindo o cancro do pulmão e do esófago”.

“O trabalho para o futuro passa agora por identificar outras moléculas moduladas pelo LRP1B e explorar de forma terapêutica a capacidade desta molécula para restaurar as condições normais fora da célula”, afirmaram.

O estudo, realizado por uma equipa de investigadores do IPATIMUP e do Instituto Português de Oncologia (IPO) de Coimbra, e que contou também com colaboradores internacionais, foi publicado na revista científica Oncogene.

@Lusa

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