Desenvolvido novo tipo de bateria recarregável à base de água

Isabel Palma

Um grupo de cientistas da Universidade de Stanford desenvolveu uma nova bateria que utiliza nanotecnologia para gerar electricidade a partir da diferença de concentração salina entre água doce e água do mar. Os investigadores esperam usar esta tecnologia para criar instalações industriais na foz de rios.

Produzir electricidade a partir da diferença de salinidade (concentração de sal) não é um conceito novo. A companhia norueguesa de energias renováveis Statkraft já tem um protótipo construído que utiliza este tipo de tecnologia.

Contudo, a equipa de investigação de Stanford liderada pelo professor associado Yi Cui acredita que o seu método é mais barato e eficiente. Este aproveita a entropia da interacção da água doce com a salgada através dos eléctrodos da bateria, ao contrário de sistemas anteriores que aproveitam a energia libertada durante o processo de osmose (passagem de moléculas de solvente através de uma membrana).

Quanto maior a diferença de concentração de iões (sódio e cloreto) da água doce e água salgada maior a tensão eléctrica e maior a produção de energia. A equipa calcula que uma central de energia que tenha disponível um fluxo de 50 metros cúbicos de água doce por segundo, poderá gerar electricidade suficiente para abastecer 100 mil habitações.

O volume de água doce necessário implica que estas centrais estejam localizadas junto a estuários e deltas de rios. Como estas áreas são ambientes muito sensíveis a equipa desenhou a bateria de forma a minimizar os impactes ambientais.

O sistema desvia água do caudal do rio para produzir energia e depois devolve-a ao mar. A água descarregada será uma mistura de água do rio com água do mar, pelo que será libertada numa zona em que as duas já se encontraram naturalmente.

A água doce não tem de vir exclusivamente de um rio. Podem ser utilizadas outras fontes incluindo águas residuais tratadas. Outra vantagem deste sistema é que se invertermos o processo pode-se produzir água doce a partir da água do mar.

Os resultados da equipa foram publicados na revista Nano Letters da American Chemical Society.

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