Rumsfeld autorizou o uso de técnicas que a ONU e a Cruz Vermelha descrevem como tortura (Jeff Mitchell/Reuters)
Um tribunal dos Estados Unidos autorizou dois norte-americanos a processarem o ex-chefe do Pentágono pela tortura a que foram sujeitos quando estiveram detidos pelo Exército no Iraque.
Ertell passou seis semanas no campo, Vance três meses. Durante esse período dizem ter sido vítimas de violência, de privação de sono e obrigados a suportar condições extremas, incluindo exposições repetidas a luzes e ruídos fortes, capazes de perturbar o ritmo biológico. Foram libertados sem terem chegado a ser acusados de nada.
“Se as acusações dos queixosos ficarem provadas, os dois jovens civis tiveram o bom reflexo de denunciar as ilegalidades da empresa ao Governo americano, mas finalmente foram eles que foram presos e torturados pelo seu próprio Governo”, escrevem os magistrados do Tribunal de Recurso de Chicago.
“Para além da privação de sono e das condições extremas da sua detenção, os queixosos afirmam ter sido ameaçados fisicamente, ter sofrido maus tratos e terem sido agredidos pelos seus carcereiros, oficiais americanos cuja identidade permanece desconhecida”, escrevem ainda os magistrados.
Os juízes concluem assim que a gravidade das acusações permite pôr em causa Rumsfeld, já que o antigo secretário da Defesa autorizou técnicas que a ONU e a Cruz Vermelha consideram tratar-se de tortura. Para além disso, Rumsfeld foi avisado por vários relatórios sobre o tratamento dos detidos, sem nunca ter feito nada para travar estas práticas. Antes pelo contrário, sabe-se que o chefe do Pentágono autorizou a CIA e os militares a recorreram a técnicas de interrogatório duras – e equiparadas à tortura.
A decisão do painel de três juízes não foi unânime: o juiz Daniel Manion votou vencido, explicando que o Congresso ainda tem de decidir se cabe aos tribunais decidir se este tipo de queixas contra o Exército pode avançar na justiça.
Os juízes concluem assim que a gravidade das acusações permite pôr em causa Rumsfeld, já que o antigo secretário da Defesa autorizou técnicas que a ONU e a Cruz Vermelha consideram tratar-se de tortura. Para além disso, Rumsfeld foi avisado por vários relatórios sobre o tratamento dos detidos, sem nunca ter feito nada para travar estas práticas. Antes pelo contrário, sabe-se que o chefe do Pentágono autorizou a CIA e os militares a recorreram a técnicas de interrogatório duras – e equiparadas à tortura.
A decisão do painel de três juízes não foi unânime: o juiz Daniel Manion votou vencido, explicando que o Congresso ainda tem de decidir se cabe aos tribunais decidir se este tipo de queixas contra o Exército pode avançar na justiça.
O advogado que representa Rumsfeld considerou a decisão deste tribunal um golpe contra o Pentágono. “Haver juízes a questionar decisões tomadas pelas forças armadas do outro lado do mundo não é forma de conduzir uma guerra”, afirmou em comunicado David Rivkin. “Isto mina a eficácia dos militares, põe os soldados americanos em risco e limita os responsáveis federais que têm como dever proteger a América.”
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