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Projeto "Casas Primeiro" arranjou teto a 65 sem-abrigo


Após vários anos a viverem nas ruas de Lisboa, 65 sem-abrigo conseguiram um teto através do projeto Casas Primeiro, um modelo de "sucesso" que arrancou há dois anos e meio e está a suscitar interesse de outras cidades.
foto RUI OLIVEIRA / GLOBAL IMAGENS
Projeto "Casas Primeiro" arranjou teto a 65 sem-abrigo

São mais homens do que mulheres, mas também há quatro casais. Em média, viviam na rua há dez anos e a maioria sofre de doença mental, disse à agência Lusa José Ornelas, coordenador do programa, que foi criado no âmbito da Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas Sem-Abrigo, lançada no terreno há três anos.

"Eram as situações mais difíceis de retirar da rua e nós demonstrámos que era possível", disse o coordenador, explicando que estas pessoas não rejeitavam uma casa, mas o facto de viverem em grandes grupos ou em camaratas e terem de sujeitar-se às "exigências dos serviços transitórios".

Quando lhes foi proposto irem viver para uma casa num bairro de Lisboa, aderiram muito positivamente e com resultados extraordinários: "Dez tornaram-se independentes e puderam ser substituídos por outros, mas este é um programa sem limite de tempo", observou.

Por outro lado, melhoraram consideravelmente a sua saúde, deixaram de utilizar os hospitais psiquiátricos, as urgências dos hospitais gerais e começaram a organizar a vida no sentido de arranjarem um trabalho ou voltar a estudar.

Também criaram boas relações de vizinhança no bairro onde moram com a ajuda da equipa da Associação para o Estudo e Integração Psicossocial (AEIPS) que os apoia duas vezes por semana.

"Uma das questões mais fundamentais é que este programa, além de retirar as pessoas da rua, tem um custo/benefício muito positivo de cerca de 18 euros diários por pessoa", que é muito baixo quando comparado com outras respostas tradicionais, como os abrigos ou instituições.

O sucesso do projeto despertou o interesse de outras cidades, nomeadamente Aveiro, Porto e Cascais. "Neste momento, estamos a negociar para que seja generalizado a outras cidades, mas também para que mais pessoas beneficiem dele".

"Neste momento, estamos na fase de apresentar a avaliação do projeto e demonstrar às entidades públicas que os resultados são muito positivos, ao retirar definitivamente as pessoas da rua por um custo muito mais baixo, e no sentido de influenciar os decisores públicos a generalizarem o programa para outras cidades", adiantou.

Em Portugal, a taxa de sucesso do programa situa-se nos 91 por cento, enquanto em outros programas internacionais se situa entre os 80 e os 85%.

Para José Ornelas, este projeto foi uma "grande descoberta": "Finalmente há um programa que resolve e corta o ciclo crónico da pobreza", com as pessoas a voltaram a ter uma vida ativa.

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