Argentina: Último presidente da ditadura condenado a 25 anos de prisão

O último dos militares que dirigiram a Argentina em regime de ditadura, entre 1976 e 1983, Reynaldo Bignone, de 82 anos, foi hoje condenado a 25 anos de prisão por vários crimes contra a humanidade, como raptos e tortura de presos políticos.

Presidente entre Julho de 1982 e Dezembro de 1983, depois da queda em desgraça do antecessor, Leopoldo Galtieri, em consequência da derrota na guerra com o Reino Unido travada nas Malvinas/Falklands, Bignone negociou a transição para a democracia, procurando ocultar os crimes da ditadura e amnistiar os seus responsáveis.

Quando assumiu a presidência, Reynaldo Bignone prometeu restaurar a democracia no país deprimido economicamente e com as organizações de defesa dos direitos humanos a procurarem saber o paradeiro dos desaparecidos.

Em Abril de 1983, depois de marcar as eleições presidenciais para Outubro, Bignone ordenou a eliminação de todas as provas da chamada "guerra suja" e em Setembro assinou a lei de pacificação nacional, que beneficiava os membros das forças armadas que intervieram na repressão, norma que o governo constitucional veio a anular, por considerar que se tratava de uma auto-amnistia.

Um mês depois de passar a presidência argentina a Raúl Alfonsín, Bignone foi detido e acusado do desaparecimento e assassinato de soldados, vindo a ser libertado em Junho de 1984, por determinação do Conselho Supremo das Forças Armadas.

Voltou a ser preso em 1999, acusado de mais raptos e assassinatos.

Libertado em 2005, regressou à prisão em 2007 por ordem do mesmo tribunal que hoje o condenou por delitos de lesa humanidade cometidos no quartel militar de Campo de Mayo, nos arredores de Buenos Aires, considerado a maior prisão clandestina do regime.

Bignone também foi processado pela sua responsabilidade no Plano Condor, como se denominou a repressão coordenada das várias ditaduras sul-americanas com vista à eliminação dos opositores políticos nas décadas de 1970 e 1980.

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