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Recém-casados. As regras de ouro de uma vida a dois

por Joana Viana

1. Não aos acabamentos

Diz a terapeuta de casais Catarina Mexia que esta é a regra fundamental para um casamento feliz – e não se fala aqui de costura. Não tentar alterar o outro é a chave para uma parceria saudável e a mais esquecida por muitos casais. “É o erro mais comum, quando pensam ‘bem, ele ou ela não é exactamente como eu queria, mas depois do casamento isto muda’”, explica Mexia. A terapeuta Inês Alexandre acrescenta:“Devem cultivar-se a admiração e o respeito mútuos, porque são essenciais para manter a estabilidade e a paixão do casal.”

2. Famílias à porta
“Delimitar bem as fronteiras do espaço conjugal com as famílias de origem” é um segredo de ouro. A regra é apontada pelo terapeuta Pedro Frazão e por Catarina Mexia. “Os nossos pais são muito importantes, mas a partir do momento em que casamos, temos uma nova família para cuidar sem interferências”, explica a terapeuta. O conselho traz à memória sogras problemáticas ou choques de personalidade entre as famílias de um e outro. Por isso, no regresso da lua-de-mel não esquecer: as famílias são para ficar à porta.

3. Não me esquecerei de mim

A dica é para ser lida como um mandamento.“Sobretudo no início”, explica Catarina Mexia, “as pessoas esquecem-se delas próprias e, quando dão conta, desapareceram no casamento”. Inês Alexandre sublinha que “a harmonia entre os espaços individuais e os do casal é essencial para o bem-estar” do casamento. Até porque, se este termina, remata Mexia, “as pessoas deixam de ser boas companhias até para si próprias, porque não se reconhecem”. “A conjugalidade”, termina Frazão, “não pode significar a aniquilação da liberdade individual”.

4. Dou-te os meus, tu dás-me os teus
Os pijamas e os livros são para ser partilhados, mas aqui Mexia refere-se aos amigos. “É um problema comum: as pessoas casam e esquecem-se dos amigos. Eles são para ficar e para partilhar, e nem se deve adoptar só os amigos do outro, nem achar que os nossos são só para nós.” Estes erros são dos que menos levam casais à terapia, o que não tira importância ao conselho. Frazão diz que o casal deve “abrir o espaço conjugal ao contacto com amigos”. Mas com cautela, sublinha Inês Alexandre – para não descurar o tempo a dois.

5. Discutir sempre
Vem em quinto mas é a pièce de resistance da lista. Saber falar do que nos atormenta é ponto forte em qualquer relação e os casamentos não são excepção. Dos casais do consultório de Mexia, muitos já nem sequer sabem porque discutem. “Há sempre um que tem ou tendência para se a anular ou para entrar no papel de provocador.” A receita de sucesso, adianta Inês Alexandre, é começar a discussão de forma calma – “isso determina em grande parte o que vai acontecer em toda a discussão” – e aceitar que “haverá conflitos e pontos de desequilíbrio ao longo da vida”.

6. A Curiosidade não matou o casamento
Para uma boa discussão, há que saber ouvir. Os especialistas são unânimes: deve manter-se uma permanente curiosidade de ouvir o outro. “Falar sobre problemas, mesmo que não haja solução imediata e evidente, aumenta o sentimento de partilha”, explica Inês Alexandre. Por isso, quando der por si a pensar que nem vale a pena falar sobre alguma coisa porque já sabe o que o seu companheiro vai dizer, faça marcha-atrás. Mexia sublinha a regra com fervor. “É bom agir sempre com vontade de nos deixarmos surpreender.”

7. Casados casados, negócios ao centro
As finanças não são nem podem ser um assunto tabu. E acate o conselho de Catarina Mexia se ainda for a tempo “devem ser discutidas ainda antes do casamento”. Um passeio pela internet sob a busca “finanças de casais” mostra que o conselho é partilhado pela generalidade dos oráculos conjugais. São poucos os que falam sobre dinheiro e que se sentem à vontade para se sentarem a uma mesa e definirem gastos e contas-poupança. Mas “seja qual for a opção tomada”, diz Mexia, “é um assunto muito importante na vida a dois”.

8. Sexo: fazer o bom, Falar do mau
O eterno problema de um casal é manter a chama acesa. Ainda que provavelmente só venha a ser um problema mais tarde, os recém-casados devem lembrar-se deste ponto. O assunto é tão sério que dá pano para mangas nos consultórios dos terapeutas. “No outro dia atendi uma pessoa que, em 14 anos de casamento, deve ter tido cinco relações sexuais com o marido e quando tenta falar com ele sobre isso, ele foge à questão”, conta Catarina Mexia. “Quando aparecem, as dificuldades não podem ser chutadas para debaixo da cama.”

9. 1+1=3
“Mas nós não vimos cá por causa de infidelidades”, é a reacção mais comum à matemática de Catarina Mexia, quando pergunta aos casais onde é que está o terceiro elemento. A equação que a terapeuta dá como nono conselho é um ponto fundamental para um casamento saudável. “É este o interesse de nos juntarmos com alguém: criar qualquer coisa de novo inventada a dois e que vai ser diferente da junção de um e outro”, explica Mexia. Isso deve ser lembrado nas críticas, diz Inês Alexandre: critique-se o comportamento e não a pessoa.

10. Hoje é o primeiro dia do resto da vossa vida
A letra da famosa música de Sérgio Godinho é o que vem à cabeça dos especialistas, que voltam ao início para acabarem a lista. “O dia do casamento não é o fim de um processo, agora é que elas começam”, diz Catarina Mexia a rir. A vida de casados pode ser muito interessante, se as pessoas não se esquecerem de continuar a namorar. Todos os erros começam aqui. Não deixar entrar a rotina e manter sempre “pequenos gestos e atenções” com o outro, como diz Frazão, são chaves para um casamento longo e feliz.

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