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Voluntariado. Uma boa acção por dia, não sabe o bem que lhe fazia

No dia 31 de Agosto foi o Dia Internacional da Solidariedade e o i decidiu ir conhecer algumas das pessoas que fazem a diferença

"Ser-se voluntário é ter a capacidade de com pouco se fazer muito", diz Andreia Oliveira, do Porto. Com apenas 16 anos, esta jovem já tinha ideias de gente grande e decidiu fundar a Oficina dos Direitos Humanos. A ideia surgiu através de um grupo de pessoas que decidiram associar-se e criar um projecto que defendesse os direitos humanos. "São os direitos básicos à vida, mas na prática são muitas vezes esquecidos", diz entusiasmada. Durante os três anos que a Oficina existiu, os eventos realizados a favor da comunidade foram vários. Actividades didácticas para os jovens, acções de sensibilização na rua, apresentações sobre valores e ética nas escolas são apenas alguns exemplos. "Procurávamos mudar mentalidades, tornar as pessoas activas contra situações de violência, de discriminação e pobreza", relembra a jovem. "É extremamente gratificante o exercício de pormos de lado os nossos problemas e investir o nosso tempo e atenção nos outros. O mais engraçado é que no final do dia acabamos por receber bem mais do que damos", conta Andreia.

Ana Barros, também do Porto, tinha apenas 15 anos quando decidiu aliar-se a uma causa que no início não convencia os pais. "O meu grupo da catequese achou que seria bom começarmos a fazer voluntariado e escolhemos o IPO. Os meus pais e alguns amigos estavam um bocadinho de pé atrás. Diziam que era muito forte a nível emocional e que talvez não devesse ir", relembra. Mas Ana, que sempre adorou crianças e tem uma admiração especial pelas vítimas de cancro, foi, e ainda hoje recorda o que viveu. "Lembro-me de uma menina que estava em fase terminal de um tumor cerebral. Tinha cinco anos e esteve internada dois. A primeira vez que a vi ela disse-me: "És gira como eu, mas tens cabelo e eu não." Senti-me um farrapo e, a partir daí, ia visitá-la sempre com o cabelo apanhado ou em trança, para parecer mais curto. Morreu dias depois e foi muito complicado", diz, emocionada. Hoje, com 21 anos e já com um filho, Ana diz que a sua experiência a tornou uma pessoa melhor. "Emociono-me sempre que falo disto porque estamos a falar de crianças, os seres que consideramos sempre mais frágeis, mas que muitas vezes são bem mais adultos e conscientes da vida. Agora que fui mãe ainda sinto mais o valor do que fiz e penso voltar a fazê-lo", declara.

Isabel Lima de Braga teve uma experiência diferente. Com 18 anos, decidiu pesquisar na internet como podia ajudar aqueles que mais precisavam e encontrou o Banco Alimentar. Embora tivesse duas opções, trabalhar nos hipermercados ou no armazém, Isabel escolheu os "bastidores". "Achei que no armazém precisavam de mais mãos para ajudar", explica. E era verdade. A jovem conta que lhe passaram pelas mãos milhares de pacotes de bolachas mas o cansaço não era sentido, muito pelo contrário. "O espírito no armazém era muito bom, havia música, as pessoas cantavam e dançavam. Quando anunciavam quantos quilos já tínhamos recolhido aquilo era a verdadeira festa", recorda. "Não há melhor sensação que aquela", diz alegremente a jovem bracarense.

Já Telma Martins, com 25 anos, é de Coimbra e encontrou no voluntariado uma forma não só de ajudar mas também de praticar a sua profissão. "Dou consultas de psicologia e preparo actividades para crianças numa associação de apoio a crianças e jovens em risco", conta. Começou porque era a sua área, mas a verdade é que já há dois anos que é voluntária e não pensa em abandonar a associação. "É realmente muito gratificante", afirma a psicóloga.

Telma Fortunato, também de Coimbra optou por um voluntariado diferente. Depois de ter pesquisado vários tipos de voluntariado, inscreveu-se no Projecto Marginal. "Tive sorte pois foi na altura da Tour 360o dos U2 e assim que soube que eles procuravam voluntários para esse espectáculo resolvi ver se conseguia participar", lembra a jovem, que arriscou e não se arrependeu. "A experiência foi única, o espírito de equipa e de entreajuda enquanto ajudávamos a organização do concerto foi muito especial. Tornámo-nos uma pequena família", diz a estudante de Comunicação Organizacional.

Catarina Marcos, de Lisboa, decidiu ir mais longe. Através da Associação Leigos para o Desenvolvimento escolheu o voluntariado internacional. "Partimos dia 16 de Setembro para São Tomé e é um misto de entusiasmo e receio. É óptimo saber que vou dar algo bom às pessoas, assim como receber, mas tenho um friozinho na barriga. Afinal vou para o desconhecido", confessa a jovem de 26 anos.

Daniela Vietas, já experimentou este projecto intercultural que dura há 25 anos em prol do desenvolvimento e que actua em São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e até em Portugal. "Antes de partir, os voluntários têm um ano de formação, e depois ficam lá o mesmo período. É apaixonante", diz, entusiasmada. A associação já fundou duas escolas em São Tomé e Moçambique e agora vai actuar em Porto Alegre, o local mais isolado de São Tomé. "Vamos tentar criar estabelecimentos de ensino, dar formação profissional, incutir o empreendedorismo e promover a sustentabilidade", explica Daniela.

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