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Decisão aprovada

O fado já é património mundial

Por Lucinda Canelas

Depois de uma espera de quase dois dias, a candidatura portuguesa foi finalmente aprovada Depois de uma espera de quase dois dias, a candidatura portuguesa foi finalmente aprovada (Enric Vives-Rubio/arquivo)
A notícia chegou via SMS: “O Fado já é património imaterial da humanidade”. Sara Pereira, directora do Museu do Fado, estava sentada na sala onde o comité intergovernamental da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) esteve a votar as candidaturas a património cultural imaterial da humanidade, em Bali, na Indonésia, quando o resultado da votação foi anunciado e enviou a mensagem.

Foram precisos pouco mais de cinco minutos para que a decisão fosse tomada por unanimidade (os 23 delegados presentes – faltou apenas um – votaram a favor), com grandes aplausos, conta ao PÚBLICO pelo telefone o musicólogo Rui Vieira Nery, presidente da comissão científica da candidatura. “Foi uma grande alegria que pôs fim a uma grande ansiedade”, admite Nery, referindo-se ao ritmo lento dos trabalhos na reunião de Bali. “Já não acreditávamos que fosse aprovada hoje.”

O fado foi a última candidatura avaliada na sessão deste domingo, que terminou às 20h30 (12h30, hora de Lisboa), depois de terem passado à votação mais de 30 propostas. E, mesmo assim, foi recebido com grande entusiasmo, diz o musicólogo. Para esse clima de festa contribuiu, “e muito”, o breve discurso de António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, entidade que formalizou a candidatura junto da UNESCO: “O Dr. António Costa decidiu terminar as suas palavras, já a fechar a intervenção de Portugal, chegando o seu iPhone ao microfone e deixando que a sala ouvisse Amália cantar ‘Estranha forma de vida’. Foi uma emoção acabar com a voz de Amália num fado de [Alfredo] Marceneiro. A sala levantou-se num enorme aplauso.”

A partir de agora, o fado não é apenas a canção de Portugal, a canção de Severa, Marceneiro, Amália, Carlos do Carmo, Camané, Ana Moura e Carminho - é um tesouro do mundo. Um tesouro que fala de Portugal, da sua cultura, da sua língua, dos seus poetas, mas que também tem muito de universal nos sentimentos que evoca: a dor, o ciúme, a solidão, o amor.

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