Da Bélgica, contra o capitalismo

por JOÃO CÉU E SILVA

Da Bélgica, contra o capitalismo

Apesar do propalado fim das ideologias, em Copenhaga, não faltam activistas de todas as cores políticas. A sua presença confirma que se está perante um tempo em que as bandeiras deixaram de ser as tradicionais do século XX.

Está plantado desde o início da semana na praça principal de Copenhaga, em frente à Câmara Municipal. Chama-se Kiel e veio da Bélgica com um objectivo muito específico: combater o capitalismo que ameaça provocar o falhanço da COP15. Recolhe a assinatura de quem passa - e a dá - para subscrever um abaixo-assinado contra a sobreposição da economia mais feroz sobre as boas práticas ambientais.

Aos 18 anos, Kiel passa um bom frio naquela praça mas, pelo menos, aproveita as oito horas de luz do dia nesta sua actividade ao ar livre. Se quiser saber a temperatura a cada hora do dia pode fazê-lo sem andar com um termómetro na mochila, basta olhar para a parede do edifício em frente, onde sobe uma graduação desde os 20 graus negativos até igual número de positivos. O frio habitual de Copenhaga raramente deixará ver o termómetro acima dos 7º mas, como na maior parte dos dias em que tem estado ali na praça, o verá perto do zero - para cima ou para baixo - agasalha-se bem. Vê-se que o seu ardor contra o capitalismo é directamente proporcional ao frio que passa e às moedas que pede para a sua causa, mesmo a quem não quer assinar o manifesto. "Dá o que puder", diz, certo que está a pagar a viagem até à Dinamarca com o ´peditório' em nome da luta contra o capital.

Mesmo quem não assine, recebe um panfleto do Comité para uma Internacional dos Trabalhadores. Quem der moedas, recebe um autocolante com a seguinte frase: "Destrói o capitalismo antes que ele destrua o planeta." A resolução foi aprovada na conferência nacional do Rattvisepartiet Socialisterna sueco e recupera as palavras do Nobel da Economia, Paul Krugman: "O facto é que o planeta está a mudar mais rapidamente do que os pessimistas esperavam: os gelos derretem, as zonas áridas expandem-se, tudo isto a uma velocidade catastrófica."


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