Milionário desfaz-se da fortuna que o faz infeliz

Augusto Correia

Um milionário austríaco assegura que o dinheiro não traz felicidade e está a desfazer-se da fortuna. Fez rifas, a 99 euros, de uma casa nos Alpes e pretende mudar-se para uma cabana de madeira.

A ideia de que o dinheiro não dá felicidade há muito que se enraizou nas sociedades mundiais, especialmente entre aqueles que vêem no chavão um conforto espiritual face às maleitas na carteira. Mas para o quase ex-milinoário austríaco Karl Rabeder, os milhões são um entrave a uma vida feliz .

Aos 47 anos, Karl Rabeder, um rico homem de negócios austríaco, decidiu livrar-se do peso da fortuna pessoal, avaliada em quase quatro milhões de euros, para dar livre curso a uma vida mais térrea e desprendida. "A minha ideia é ficar sem nada, absolutamente nada", disse.

Uma casa na Provença francesa está à venda por cerca de 700 mil euros. Já despachou o presidencial Audi A8, avaliado em cerca de 50 mil euros, e muitos outros ricos bens pessoais. Um luxuoso ?chalet? nos Alpes austríacos, com 321 metros de área habitável numa propriedade de 2711 metros quadrados pode ser adquirido por 99 euros - o valor de cada uma das 20 mil rifas que Rabeder criou para se desfazer da moradia alpina.

"O dinheiro é contraproducente, impede a felicidade de fluir", disse Karl Rabeder, em declarações ao tablóide britânico "The Daily Telegraph". Desapossado de todos os luxos que conquistou ao longo de uma vida de trabalho, basta-lhe o amor, da mulher, e uma cabana de madeira nos Alpes para seguir com a vida.

"Venho de uma família em que as regras eram trabalhar duro para arrecadar o mais possível", contou. Um modo de vida que seguiu durante muitos anos, mas que, gradualmente, o foi consumindo por dentro. "Durante muitos anos não fui suficientemente corajoso para fugir das armadilhas de uma existência confortável", acrescentou Rabeder, Karl de primeiro nome, como o do pai do comunismo, Marx de apelido.

O momento de charneira na vida de Rabeder aconteceu, paradoxalmente, numa luxuosa viagem às paradisíacas ilhas do Hawai, na companhia da mulher. "Nessas três semanas, gastámos todo o dinheiro que quisemos. Mas, em todo o tempo tivemos a sensação de que não conhecemos uma única pessoa real – eram todos actores", disse. "Os empregados faziam o papel de serem simpáticos e os outros hóspedes o papel de serem importantes, mas ninguém era real", acrescentou.

"Foi o maior choque da minha vida, quando me apercebi quão horrível, sem alma e vazia era o estilo de vida cinco estrelas", disse Rabeder. Foi o início de uma epifania a dois tempos, a duas realidades. Depois do choque no paraíso, a ligação à terra, em viagens a África e América do Sul. "Senti que há uma relação entre a nossa riqueza e a pobreza deles", acrescentou.

Determinado a fazer o pouco que uma só pessoas pode fazer no meio de seis mil milhões de humanos, Karl Rabeder vai destinar o resultado das vendas a obras de caridade na América do Centro e do Sul. O dinheiro vai apoiar soluções de microcrédito, em países como El Salvador, Honduras, Bolívia, Peru, Argentina e Chile.

Comentários

Mensagens populares deste blogue