VISÃO
Entrevista

"Um gato pode salvar vidas"

Após ter perdido subitamente o filho mais velho, a neo-zelandesa Helen Brown recuperou a alegria de viver graças à entrada de uma gata bebé na sua família. Cleo*, o livro que a colunista lançou, 27 anos depois, é um tributo ao poder curativo dos animais de companhia

Clara Soares

Na altura eu tinha 28 anos, dois filhos, um casamento a ruir e um cão. Tinha prometido aos miúdos que lhes faria a vontade de aceitar mais um animal, no 9º aniversário de Sam: um gatinho de uma ninhada que havíamos visitado. Três semanas depois disso, Sam morreu atropelado perto de casa, na presença do irmão mais novo, enquanto tentava salvar um pássaro. Quando os amigos de Sam bateram à porta com a cria, a quem já tínhamos dado o nome de Cleo, vi o meu filho Rob sorrir pela primeira vez desde o funeral do irmão.

O que representou esta gata para si?

Há uma coisa de que as pessoas nem sempre se apercebem: os animais exercem um efeito terapêutico, e até mágico, nas suas vidas. Acima de tudo, ela significou - para mim e para Rob - o último elo de ligação com Sam. Depois do acidente, tudo se transformou: voltei a casar, mudei de casa, tive mais dois filhos. A gata persistiu como a nossa única ligação ao passado. Creio que Cleo permaneceu connosco durante o tempo que achou que nós precisávamos dela, da sua protecção. No caso, foram 23 anos, que equivalem a 160 nos humanos...

O que quer transmitir com o seu livro?

Testemunhar que a morte de alguém muito próximo não é o fim de tudo. Nos filmes, o herói morre, e vamos para casa no fim. Na vida real, nem sempre estamos preparados para o que acontece depois. Achei importante partilhar o facto de ser possível ter uma vida plena, depois de um incidente trágico. E mostrar como um animal de companhia pode dar amor e salvar vidas.

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